Um ano de bons lançamentos e promessa de novidades ainda melhores para 2016. Não, não é hipocrisia, mas talvez começar com um ar de positividade um artigo que resume os últimos 365 dias seja uma boa ideia. Em um ano em que a ideia do “pior do que tá não fica” pareceu verídica, os otimistas ainda conseguiram sonhar, e sonhar alto.
Começamos com o Salão do Automóvel de Detroit, um dos melhores do ano, com suas dezenas de veículos elétricos, entre populares e superesportivos, e descobrimos ao longo do ano que esse sonho já não está tão longe de nós. Isso por que, com o fim do Imposto de Importação para elétricos e híbridos já aprovado no Congresso, poderemos logo ter carros como i3 e Leaf por menos de R$ 150 mil, o que não é um valor baixo, mas uma melhora significativa.
Mas sim, por outro lado, foi um ano de muitos pesadelos. Fevereiro com queda de mais de 30% na venda de veículos novos, 2% na venda de usados, 28% na venda de importados, 18% na venda de motos e 22% na venda de caminhões.
O aumento do IPI no inicio do ano corroborou com a crise econômica, bem como o aumento do preço do combustível, que ao longo do ano, chegou a superar 10%. Ao longo do ano, as quedas e altas foram modestas, e terminamos com um declínio muito próximo aos índices de fevereiro.
Restou às empresas, do segmento automotivo ou não, inovar e tentar buscar novas alternativas para não entrar no vermelho (ou sair dele). Uma delas, e provavelmente a mais perigosa, foi cortar custos, entre eles os de mão de obra. De todas as fabricantes nacionais, as que melhor conseguiram manter o quadro foram Toyota e Hyundai, que seguem vendendo bem e buscando o topo do ranking, mesmo com quedas nas vendas. Enquanto Volkswagen, GM, Ford e Chery foram as que se envolveram em mais problemas relacionados a lay-off e demissões.
Durante o primeiro semestre, alguns especialistas ainda apostavam no aumento de vendas para o segundo semestre, fundamentado na melhora da economia mundial e na mobilização das concessionárias e bancos para buscar financiamentos, tentando segurar as receitas na medida do possível. Mas não adiantou: 2015 seria um ano difícil de se lidar, e o efeito dominó fundamentado no desemprego, insegurança econômica e queda nas vendas gerou um grande deficit no segmento.
Ao mesmo passo que íamos mal, Rússia e Grécia também estavam em tempos de vacas magras, e, ainda com um quantitativo de vendas muito maior que o nosso, até a China vendeu menos do que em 2014. Europa batizou de vez sua recuperação, e até países que não iam bem, como Espanha e Portugal, tiveram motivos para comemorar.
Os EUA seguem no pódio e nossos vizinhos da América do Sul, como sempre, não tiveram uma melhora ou piora significativa, exceto o Paraguai que, colhendo frutos de um plano de nacionalização que começou há mais de 10 anos, viu sua fabricação e venda de autopeças crescer surpreendentemente. O México está seguindo para ser a “Meca” para vendas de veículos na América Latina.
O caso Dieselgate foi o assunto mais comentado do ano no segmento automotivo mundial. Sem ter ainda ficado bem claro os reais culpados, a VW viu suas ações despencarem com o caso de adulteração de informações de emissões em seus veículos Diesel, as vendas caíram junto com a credibilidade lá fora influenciando negativamente a imagem da marca até em países que não tiveram muito à ver com a história, como o Brasil. O problema foi tamanho que já se fala da venda da Bentley e Skoda para arcar com os prejuízos e processos contra a empresa, e o corte de altos cargos foi impressionante.
Voltando ao Brasil, a parceria com o México que define que cada país poderá importar US$ 1,56 bi sem imposto de importação, será útil para 2016 e foi uma ótima atitude para o período que vivenciamos. Foi uma das poucas ações da Anfavea, que suponha-se ter ficado quase que “de mãos atadas” ante a situação do país.
Ainda por aqui, a Bramont deixou de montar os Mahindra em Manaus, e a fábrica da JAC segue em atraso. Em compensação, tivemos a tímida inauguração da fábrica da Chery, coberta de problemas e greves durante o ano, a fábrica da Jeep, e a confirmação das fábricas da Audi, Jaguar e Mercedes-Benz.
Como a crise atingiu as classes mais baixas da população, carros mais caros passaram a integrar o top-10 dos mais vendidos durante maior parte do ano. Além disso, tivemos lançamentos importantes, como Duster Oroch e Fiat Toro (já pronta, mas que chega em 2016) que inauguraram um novo segmento, e A3 Sedan, agora nacional. HB20, Cobalt, Hilux e até a Agrale Marruá mudaram, e se juntar com os importados que chegaram (Mercedes Vito, Volvo XC90, por exemplo) mesmo assim, tivemos poucos lançamentos.
Nos rankings de vendas, vimos um Gol que “perdeu a majestade” definitivamente, ao ponto de ficar atrás de Corolla, HR-V e Renegade em alguns meses, tendo como melhor posição durante o ano o 4º lugar. Enquanto isso, Palio, Onix e HB20 lideraram as vendas de automóveis, e Strada, Saveiro, S10 e Hilux comandaram o ranking dos comerciais leves.
Para o próximo ano, talvez seja melhor pensarmos positivamente. Com a inauguração de novas fábricas, prometem-se uns poucos milhares de contratações, podendo “guinar” o mercado. A alta do dólar e do combustível é quase certa, porém mudanças para salvar a economia também vêm sendo esperadas para os primeiros meses de 2016.
Lançamentos interessantes são prometidos entre nacionais e importados. Finalmente, não temos muito a comemorar, mas temos muito a acreditar. Se nossa economia tem conserto, uma das ferramentas para isso é a indústria automotiva e seus apaixonados por carros.
Por Gilberto Belin
A noticia Uma retrospectiva automotiva de 2015 foi publicada no site Notícias Automotivas – Notícias de carros.
Leia Mais.