Já virou lugar comum dizer que as novas picapes estão cada vez mais parecidas com carros de passeio. Por outro lado, nada tão verdadeiro. A experiência de estar ao volante da nova Toyota Hilux, em sua versão topo de linha SRX A/T, não é muito diferente da oferecida por um bom sedã de luxo. Ela cobra caro por isso: são R$ 188.120 por uma verdadeira plataforma de luxo e potência.
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O novo visual da picape também reforça essa tendência ao refinamento, especialmente pela dianteira, cuja grade e faróis mantém uma interessante harmonia de elementos. Por toda carroceria, superfícies salientes e bojudas reforçam o aspecto musculoso. Destaque para as belas rodas de liga com acabamento diamantado e 18 polegadas de diâmetro.
É no interior, contudo, que ficam guardados seus atributos mais interessantes. O acabamento é caprichado e, embora predominantemente composto por superfícies plásticas, tudo tem boa textura ao toque e encaixes precisos. O volante multifuncional tem boa dimensão e pega, oferecendo fácil controle do computador de bordo. O desenho do painel é ergonômico e bonito, combinando bem a marra picapeira com o luxo de um sedã. Há mimos dignos de carrão importado, como ajuste elétrico do banco do motorista e sistema de partida por botão que dispensa uso da chave e rebatimento elétrico dos retrovisores.
O sistema multimídia é completo, com tela sensível ao toque de bom tamanho e bem localizada, trazendo navegador integrado e boa integração com dispositivos móveis, embora não ofereça espelhamento ou compatibilidade com as tecnologias Android e Apple.
Entre velocímetro e conta giros, o computador de bordo oferece um grande número de informações úteis, incluindo, claro, consumo e autonomia, tempo de viagem e outros.
Entre as tecnologias de segurança e auxílio à condução, a sopa de letrinhas é completa: controle de estabilidade (VSC) e tração (A-TRC), assistente de reboque (TRC), de arrancada em subida (HAC) e de velocidade em descidas (DAC), entre outros.
Pelas ruas…
Conduzir a enorme Toyota Hilux pela cidade e estrada é uma experiência prazerosa, mas que exige adaptações. O carro é grande e potente, com jeito um pouco abrutalhado em certas ocasiões. O torque abundante proporciona cantadas de pneu fáceis e é preciso cuidado com o pedal da direita para não passar do ponto, especialmente em situações de tráfego urbano. Por outro lado, uma vez que se acostuma, a sensação de força e de “domínio da situação” é muito agradável. A direção hidráulica é macia na medida certa e o câmbio automático de seis marchas é bem escalonado e de funcionamento preciso e discreto. O rodar é confortável, mas, por se tratar de um veículo de carga, torna-se um pouco sacolejante quando se trafega por pavimentos mais castigados.
O poderoso motor 2.8 turbodiesel, com 177 cv de potência e 45,9 kgfm de torque, tem um ronco agradável e, em ambiente urbano, não prejudica o nível de ruído da cabine, graças ao bom isolamento acústico do habitáculo. É uma verdadeira usina de força e, como citado acima, exige juízo na hora de acelerar.
Se o rodar urbano é agradável, estacionar já torna-se uma capítulo à parte na novela. Tudo no Brasil parece ser pensado para carros pequenos, especialmente vagas de garagem de prédios e shoppings. Aí não tem jeito, prepara-se para manobrar bastante. Se, por um lado a nova Hilux oferece uma boa câmera de ré para facilitar a vida, peca por não ter sensores adicionais de distância. Por ser um carro grande, somente a câmera é insuficiente em algumas situações, especialmente em relação aos espaços disponíveis para manobra na parte dianteira. Fica a dica para a Toyota acrescentar os sensores em versões futuras: é uma redundância que faria bem à picape.
… e pela lama
Não pense que por ser luxiosa, a Hilux tem alguma frescura para ir para a terra. Muito pelo contrário. O poder offroad da picape continua sendo um de seus pontos fortes.
O seletor que muda o modo de tração para 4×2 (somente traseira), 4×4 e 4X4 reduzida, bem posicionado no painel e de fácil operação, continua sendo a chave para desbravar caminhos inóspitos. A picape tem uma inacreditável capacidade de escalar subidas íngremes e descer pirambeiras insanas. No caso das descidas, o assistente de velocidade em declives é um importante auxilio e recurso de segurança: controle o volante de deixe que a tecnologia se encarregue de manter o carro em velocidade segura e sem escorregões.
Na lama e em trechos alagados, a tração 4×4 com reduzida ajuda a manter o carro rodando mesmo quando as condições são muito precárias. Nessa condições, o carro fica meio “amarrado” mas muito arisco, com giro alto e buscando aderência mesmo aonde ela simplesmente parece não existir. Mais uma vez, também, o excelente 2.8 turbodiesel mostra seu valor.
Sem bebedeira
O consumo da picape também não decepciona. Durante a avaliação realizada por AUTOPOLIS, o consumo médio foi de 9,7 km/l de diesel, em regime misto urbano/rodoviário.
Conclusão
Mais refinada e tecnológica, a nova Hilux SRX A/T encareceu mas também adquiriu mais conteúdo. Com preços entre R$ 130.960 e R$ 188.120, ela está entre as opções mais caras, o que pode ser um obstáculo ao confrontar as também novas Ford Ranger e Chevrolet S10. No caso da picape Chevrolet, o novo modelo agregou muita tecnologia (algumas inclusive não disponíveis na Hilux) e a marca norte-americana não aplicou nenhum reajuste de preços. O bicho vai pegar pelo lado das picapes médias, e o consumidor pode se dar bem com isso.
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