A JAC Motors enxergou na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, a oportunidade para lançar no país a maxivan T8, que trazia uma proposta diferente de transporte executivo de passageiros, oferecendo maior nível de conforto e refinamento do que as vans convencionais (como a Mercedes-Benz Sprinter e Renault Master), derivadas de veículos de carga com carroceria montada sobre chassi. No final do ano passado foi a vez da Mercedes-Benz apresentar por aqui a Vito, uma van fabricada na Argentina de concepção parecida com a da T8. Por serem menores, mais leves e levarem até nove ocupantes, Vito e T8 podem ser guiadas por motoristas habilitados com carteira de categoria B, enquanto as vans maiores exigem habilitação C ou D, dependendo da configuração.
Ambas são equipadas com câmbio manual de seis marchas, tração traseira e motores de quatro cilindros de 2.0 litros turbo. O propulsor da Vito é o mesmo do sedã Classe C e funciona com etanol ou gasolina, gerando 184 cv de potência a 5.500 rpm e 30,6 kgfm de torque entre 1.250 e 4.000 rpm. O da T8 bebe apenas gasolina e desenvolve 175 cv a 5.400 rpm e 26,5 kgfm de 2.000 a 4.000 rpm.
Configurada na versão topo de linha Tourer 119 Luxo 7+1 (R$ 139.990), a Vito testada sai de fábrica equipada com ar-condicionado frontal e traseiro; direção elétrica; airbags frontais; freios com ABS; vidros dianteiros, travas e retrovisores com acionamento elétrico; volante multifuncional com ajustes de altura e profundidade; rodas de liga leve de 16 polegadas; assistente de partida em rampa; rádio AM/FM com USB/SD e Blutooth; faróis de neblina; bancos revestidos de courino; cintos de segurança de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, entre outros. Um conjunto de rodas de aro 17 é o único opcional disponível.
A JAC T8 é vendida em configuração única (R$ 95.990) e conta com um pacote parecido com o da Vito, porém, acrescenta alarme antifurto; ar-condicionado automático dianteiro e traseiro; teto solar; central multimídia com tela tátil de sete polegadas, MP3, Bluetooth, USB/SD e DVD e bancos dianteiros com ajustes elétricos. O revestimento de couro da unidade das fotos é opcional (R$ 2.000), assim como o dispositivo (R$ 1.990) que pemite deslizar a última fileira de bancos para ampliar o espaço do porta-malas.
JAC T8 conta com portas laterais corrediças em ambos os lados
Parecidas na parte mecânica, T8 e Vito mostram as suas diferenças quando colocadas em movimento. Enquanto a van da JAC tem o comportamento típico de veículos utilitários, a Mercedes chega a lembrar um carro de passeio em alguns aspectos. A T8 rola mais nas curvas por conta da suspensão macia e pelos 10 centímetros extras na altura. Já a Vito tem direção mais precisa e transmite maior confiança nas mudanças de trajetória. Diferentemente da rival, a van da Mercedes-Benz complementa a segurança com controle eletrônico de estabilidade, monitoramento de cansaço do motorista (emite um alerta no painel sugerindo ao condutor parar e descansar após longos períodos ao volante) e assistente de vento lateral (aciona os freios unilateralmente, amenizando os efeitos do vento e mantendo o veículo em sua trajetória).
Desenho da Vito é mais tradicional, enquanto a T8 mostra estilo menos convencional
Ambas apresentam desempenho adequado para as suas propostas. Mesmo pesando 75 quilos a mais que a T8, a Vito leva vantagem nas arrancadas e retomadas pelo fato de o seu motor ser mais potente e entregar mais torque a uma faixa de rotações um pouco acima da marcha lenta. Os 30,6 kgfm estão disponíveis logo a 1.250 rpm, garantindo boa agilidade na cidade e permitindo à van andar na frente de muito carro médio na estrada. Mesmo com números de potência e torque inferiores aos da rival, a T8 não decepciona na hora de acelerar e é mais esperta a partir de 2.000 rpm, quando o propulsor disponibiliza os 26,5 kgfm para empurrar os 2.100 kg do veículo.
Durante a avaliação, as duas vans apresentaram números de consumo parecidos rodando na cidade (abastecidas com gasolina, pois a T8 não é flex): 6 km/l para a Vito e 5 km/l no caso da T8.
A T8, entretanto, compensa a dirigibilidade menos afinada nas manobras de estacionamento. Além de ser um pouco mais curta e estreita que a concorrente, é a única a contar com câmera de ré e sensor no para-choque traseiro, equipamentos que fazem a diferença na hora de encaixar as vans em vagas mais apertadas – afinal, não é fácil encontrar espaços com mais de cinco metros de comprimento.
Bancos da Mercedes-Benz Vito são mais ergonômicos
Para transportar os passageiros, a Vito tem uma concepção mais convencional, com duas fileiras de três bancos individuais na parte traseira. Embora leve um ocupante a menos, a T8 permite girar os dois bancos da fileira intermediária em 360º, transformando a cabine em uma pequena sala de reunião. Ambas contam com portas laterais corrediças de fácil operação, mas somente a van da JAC permite o embarque e desembarque de passageiros pelos dois lados.
Confortáveis, Vito e T8 acomodam bem os passageiros. O modelo da Mercedes tem bancos mais ergonômicos, que apoiam melhor o corpo nas curvas. Mas quem viaja na parte de trás da JAC pode usufruir de alguns mimos, como ar-condicionado com controles digitais para os bancos traseiros (foto abaixo) e teto solar elétrico.
Apenas a JAC T8 disponibiliza controle traseiro do ar-condicionado e teto solar elétrico
Vito e T8 têm credenciais para serem utilizadas no transporte executivo, mas por levar um passageiro mais, a van da Mercedes sai na frente caso seja colocada no batente – a tradição da marca alemã nos mais variados segmentos também pesa a seu favor. Mais equipada, a T8 apresenta um custo-benefício interessante para o uso familiar, pois é mais espaçosa e barata que a maioria dos SUVs de sete lugares e custa muito menos que as minivans de mesmo porte – como a Chrysler Town & Country (R$ 269.900) e a Kia Grand Carnival (R$ 252.490).
Fotos: Renan Rodrigues
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