A dupla de japoneses Toyota Corolla e Honda Civic domina o segmento de sedãs médios no Brasil há um bom tempo, e no primeiro semestre do ano ganharam o reforço do conterrâneo Nissan Sentra no pódio da categoria. Para tentar mudar esse cenário, a Volkswagen nacionalizou a produção do Jetta e a Chevrolet lançou a segunda geração do Cruze, ambas apostando em novas tecnologias e modernos motores 1.4 turbo. Confira neste comparativo quem levou a melhor e se eles têm credenciais para brigar com os líderes do mercado.
O Jetta é vendido no Brasil desde 2011, mas nunca incomodou os rivais japoneses por conta do defasado motor 2.0 8V de 120 cv que equipava as versões mais acessíveis, uma vez que o 2.0 TSI de 211 cv está presente apenas na configuração topo de linha Highline. No começo do ano, o sedã, que era importado do México, passou a ser produzido em São Bernardo do Campo (SP) com o eficiente 1.4 TSI.
Já o Cruze foi totalmente renovado, deixando para trás o projeto da coreana Daewoo para compartilhar a plataforma e o motor Ecotec 1.4 turbo com o moderno Opel Astra alemão. Ao contrário do Jetta, o Cruze teve a sua linha de produção transferida do Grande ABC paulista (mais precisamente São Caetano do Sul) para a Argentina.

Além da motorização turbo, Jetta Comfortline (a partir de R$ 93.990) e Cruze LTZ (R$ 96.990) possuem em comum uma lista robusta de equipamentos de série: direção elétrica, airbags frontais e laterais, controles de estabilidade e tração, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, piloto automático, assistência de partida em rampa, computador de bordo, faróis de neblina, volante com controles do sistema de som e ganchos Isofix para a ancoragem de cadeirinhas infantis no banco traseiro.
O Cruze, no entanto, sai na frente do rival com o acréscimo de airbags de cortina, além da central multimídia MyLink II com tela de oito polegadas, Bluetooth e GPS e do sistema de concierge OnStar. Faróis com acendimento automático, sensor de chuva, rodas de 17 polegadas, espelho fotocrômico, ar digital e chave presencial também fazem parte da lista de série do Chevrolet, mas só equipam o Volkswagen caso seja adicionado o pacote Exclusive (R$ 6.781), que ainda inclui a central Discover Media com recursos parecidos com o do equipamento do Cruze e bancos de couro. Com o teto solar elétrico (R$ 4.325), um Jetta Comfortline como o avaliado chega a custar R$ 105.096.
Já o Cruze pode ser incrementado com o pacote LTZ+, que eleva o preço final do sedã a R$ 107.450 com a inclusão de regulagem elétrica do banco do motorista, de sistemas de segurança mais comuns em carros de categorias superiores (alerta de colisão frontal e de ponto cego, assistência de permanência em faixa, farol alto adaptativo, indicador de distância do veículo à frente, sistema de estacionamento automático em vagas paralelas e perpendiculares) e carregador de celular sem fio por indução eletromagnética (disponível apenas para alguns aparelhos das marcas LG, Nokia e Samsung).

Embora sejam concorrentes, Jetta e Cruze parecem buscar públicos distintos. O Volkswagen segue a linha da maioria dos carros de marcas alemãs apostando em um visual mais sóbrio. A semelhança com outros carros da Volks, porém, o faz ser confundido com outros modelos e até gerando piadinhas do tipo “esse carro é um Voyage ou um Passat?”.
Já o Cruze adotou um desenho genérico entre os sedãs mais recentes: frente comprida dotada de faróis afilados, e teto baixo que praticamente se funde com a traseira encurtada, formando uma silhueta de cupê – o novo Honda Civic, que chega em agosto, seguirá a mesma tendência.

Carregador de celular sem fio do Chevrolet Cruze
Essas características também podem ser vistas no interior dos sedãs. O Jetta tem um estilo mais tradicional e retilíneo, enquanto o Cruze mostra um pouco mais de personalidade apesar do excesso de elementos cromados na cabine. O acabamento é bom nos dois carros, mas alguns detalhes devem ser levados em consideração quando se trata de modelos que chegam a custar mais de R$ 100 mil: o Volkswagen poderia ter uma faixa de tecido ou couro nas portas para dar uma aparência mais sofisticada e o Chevrolet peca no encaixe de algumas peças.

Interior do Volkswagen Jetta Comfortline
A principal novidade dos sedãs está mesmo debaixo do capô. Os modernos motores 1.4 dotados de turbo e injeção direta fabricados no México substituem os naturalmente aspirados de 1.8 litro do Cruze e de 2.0 litros do Jetta, mas só o Ecotec do Chevrolet pode ser abastecido com etanol e/ou gasolina. Com uma proposta voltada à economia de combustível, os dois propulsores entregam números de potência e torque bem parecidos. Mas na pista de testes, o Cruze levou vantagem nas provas de desempenho e de consumo na estrada com gasolina (veja nas tabelas abaixo os números aferidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia).
Volkswagen Jetta Comfortline 1.4 TSI
Teste Carsale-Mauá
Combustível | Cidade | Estrada | 0 a 100 km/h | Frenagem 100 a 0 km/h |
Gasolina | 12,6 km/l | 17,7 km/l | 9,8 segundos | 52 metros |
Chevrolet Cruze LTZ+ 1.4 turbo
Teste Carsale-Mauá
Combustível | Cidade | Estrada | 0 a 100 km/h | Frenagem 100 a 0 km/h |
Etanol | 8,4 km/l | 13,3 km/l | 8,92 segundos | 50,4 metros |
Gasolina | 11,7 km/l | 18,2 km/l | 9,3 segundos | 50,4 metros |
O motor do Jetta gera 150 cv de potência a 5.000 rpm e 25,5 kgfm de torque a 1.500 rpm. Já o 1.4 turbo do Cruze entrega 150/153 cv a 5.600 rpm e 24/24,5 kgfm a 2.000 rpm (gasolina/etanol).
Essa superioridade do Cruze, no entanto, é pouco sentida no uso cotidiano. Os dois sedãs entregam desempenho bastante adequado para as suas propostas – e nitidamente superior ao da maioria dos 2.0 aspirados da concorrência. Por conta do torque máximo disponível a uma faixa ampla de rotações, os motores parecem estar sempre “cheios” nas situações que o motorista mais necessita de agilidade, como retomadas de velocidade e ultrapassagens.

Apesar do desempenho bem semelhante, os sedãs têm comportamentos ligeiramente distintos. O Jetta aparenta ser mais afiado dinamicamente, pois a sua direção é mais rápida, as suspensões são mais durinhas nas curvas e o câmbio automático, além de possuir borboletas para trocas atrás do volante, é mais ágil nas reduções de marcha.
O Chevrolet deixa claro que está focado na eficiência e no conforto. Para a tristeza de alguns motoristas, o Cruze perdeu aquela posição de dirigir agradabilíssima da geração anterior, porém, trata melhor os ocupantes graças às suspensões mais macias. Mas o desempenho do novo motor compensa esse comportamento, digamos, menos esportivo. A GM se preocupou tanto na economia de combustível que adotou um sistema start-stop (desliga e religa o motor automaticamente em paradas rápidas) que não pode ser desligado pelo condutor. A fabricante diz que se trata de um recurso “inteligente”, capaz de reconhecer quando é necessária a sua atuação.

O Cruze vence o comparativo, por uma margem pequena, ao entregar mais equipamentos (principalmente de segurança) por um preço pouco maior que o do rival, além do desempenho ligeiramente superior. O Jetta, porém, pode conquistar aquele consumidor que valoriza muito a experiência ao volante de um carro por conta de seu comportamento mais acertado. Com todos os opcionais, ambos atingem uma faixa de preços demasiadamente elevada, mas em suas versões intermediárias são opções a serem muito consideradas pelo consumidor, pois fogem do “lugar comum” dos sedãs japoneses oferecendo mais recursos e motorizações mais modernas e eficientes.
Fotos: Renan Rodrigues e Divulgação
Ficha técnica
| Volkswagen Jetta Comfortline | Chevrolet Cruze LTZ |
Preço | R$ 93.990 | R$ 96.990 |
Motor | Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, turbocompressor, injeção direta, a gasolina | Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, turbocompressor, injeção direta, bicombustível |
Cilindrada (cm³) | 1.395 | 1.395 |
Potência | 150 cv a 5.000 rpm | 150/153 cv a 5.600 rpm (gasolina/etanol) |
Torque | 25,5 kgfm a 1.500 rpm | 24/24,5 kgfm a 2.000 rpm (gasolina/etanol) |
Freios dianteiros | Discos ventilados com ABS e EBD | Discos ventilados com ABS e EBD |
Freios traseiros | Discos sólidos com ABS e EBD | Discos sólidos com ABS e EBD |
Suspensão dianteira | Independente tipo McPherson com barra estabilizadora | Independente tipo McPherson com barra estabilizadora |
Suspensão traseira | Eixo de torção com barra estabilizadora e molas helicoidais | Eixo de torção com barra estabilizadora e molas helicoidais |
Rodas | Liga leve de 16 polegadas (17 polegadas opcional) | Liga leve de 17 polegadas |
Pneus | 205/55 R16 (225/45 R16 opcional) | 215/50 R17 |
Direção | Elétrica | Elétrica |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.298 | 1.321 |
Comprimento (metros) | 4,66 | 4,66 |
Largura (m) | 2,02 (com espelhos) | 2,04 (com espelhos) |
Altura (m) | 1,47 | 1,48 |
Distância entre-eixos (m) | 2,65 | 2,70 |
Tanque de combustível (litros) | 55 | 52 |
Transmissão | Automática de seis marchas | Automática de seis marchas |
Tração | Dianteira | Dianteira |
O post Duelo dos 1.4 turbo: VW Jetta Comfortline e Chevrolet Cruze LTZ querem acabar com a hegemonia dos sedãs japoneses apareceu primeiro em Carsale.
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