SÃO PAULO (o dia só acaba quando termina) – Quantas emoções, Erasmo!
Bom, só apareci agora porque, entre outras coisas, fizemos uma entrevista com o Ricardo Divila hoje para o “Nitro” e as coisas terminaram tarde.
Mas vamos em frente, como não? Afinal, foi um GP histórico em muitos sentidos, “cheio de alma”, como escreveu o Grande Prêmio em editorial. E faltou dizer um monte de coisa ontem. A saber:
- Segundo os organizadores, foram 128,1 mil pessoas nos três dias de GP a Interlagos. Público menor que o de 2015 em 8,3 mil.
- O ibope da corrida na Globo foi bom. De acordo com as medições preliminares, deu 16,9 pontos. A maior audiência desde 2012.
- A terceira e última fase das reformas de Interlagos deverá ser levada adiante. Falta demolir os boxes atuais e fazer novos, sobre a mesma estrutura, e cobrir a área de paddock. O Ministério do Turismo disse que vai liberar mais 54 milhões de têmeres-golpistas para a obra. Era dinheiro já empenhado para esse fim pelo PAC do Turismo. Não é, pois, favor algum dos senhores que tomaram o poder na mão grande. O prefeito Fernando Haddad fez o que prometeu dentro do cronograma inicial — o autódromo está bonito e funcional. E a verba usada veio do governo federal, não municipal. Não saiu nada dos cofres da cidade. Ocorre que o prefeito eleito, aquele do suéter nos ombros e camisa Lacoste, quer privatizar o autódromo. Aliás, disse com todas as letras que vai vendê-lo, porque segundo ele o deus da iniciativa privada transforma em ouro tudo que toca. Por isso, Haddad vai se encontrar com o ex-apresentador de TV nesta semana. Porque não faz sentido despejar mais dinheiro público num equipamento que, se depender do desejo do novo prefeito, passará a outras mãos. Quem comprar que se vire. É mais ou menos esse o recado que será dado.
- A corrida deu prejuízo neste ano — o organizador fala em coisa de 3 milhões de trumps. De fato, a coisa estava meio pobre. O GP não teve “naming rights” e HCs enormes e tradicionais, como da Shell, Petrobras e Renault, sumiram. Só vi do Santander, e olhe lá. É isso o que mais gera lucro para o evento. E no ano que vem a coisa será ainda mais complicada. Segundo o prefeito eleito, a cidade não vai mais investir dinheiro na corrida. Foram 46,5 milhões de têmeres-golpistas neste ano, como mostra o recorte ao lado. Acho muito, um exagero, e sempre achei que, por ser privado, o GP deveria arcar com todos seus custos — à Prefeitura caberia apenas ceder o equipamento. Há quem ache que não, que o governo municipal tem de ajudar, porque o evento gera recursos para a cidade e, no fim, se paga. Todos os prefeitos de São Paulo nos últimos 45 anos acharam isso e ajudaram a fazer o GP. OK, aceito o argumento, mas acho positivo deixar que os donos do brinquedo se virem. Ponto para o prefeito eleito do suéter, neste caso. Segundo seu assessor de imprensa, quem comprar o autódromo vai ter de fazer a coisa toda por conta. OK. Veremos.
- Para fechar este assunto, duvido que alguém queira assumir o autódromo. Assim como o Pacaembu. Aliás, espero que não aconteça. Esse patrimônio é público, foi construído com nosso dinheiro. Não acho nada bacana que seja passado de mão-beijada para os arautos do liberalismo da iniciativa privada. Acho, na verdade, um absurdo. O que é público é público. Ponto. Quem vende um autódromo e um estádio vende um parque. A iniciativa privada brasileira é uma gracinha. Adora receber as coisas de graça, que já foram construídas pelo Estado. Mamata assim eu também quero.
- Verstappen foi comparado por Christian Horner a Senna e Schumacher. Concordo com ele. O que fez ontem está no nível das melhores exibições dos dois multicampeões. De quebra, colocou o nominho nas estatísticas em mais um item: foi a primeira vez que fez a melhor volta de uma corrida. E, claro, o mais jovem a conseguir a façanha, aos 19 tenros aninhos.
- Elogios, aliás, não faltaram ao jovem Max. Um dos que rasgaram o verbo foi Toto Wolff, chefe da Mercedes — que na véspera do GP tinha telefonado para seu pai, Jos, pedindo calma ao menino, para não atrapalhar a disputa pelo título. “O que ele fez foi redefinir a física”, exagerou.
- A despedida de Massa de Interlagos será lembrada para sempre, pela emoção autêntica e pela situação inesperada. Roteiro bem escrito pelos deuses das pistas. Felipe, graças a uma batida — sempre indesejada por qualquer piloto –, pôde sentir o carinho que todos têm por ele. Felipe fez por merecer, sempre foi um cara correto e decente. E curti muito o que fez antes da largada, ao passar pelo alambrado para chegar perto do público no Setor A. Atirou bonés para todos, sentiu o calor do povo. Massa não tem medo do público, nunca se comportou como alguém que deve satisfação aos outros. Nunca se ouviu dele coisas como “não tenho de provar nada a ninguém”. Tomara que siga firme na carreira, pilotando o que lhe der prazer.
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