Muita gente ainda torce o nariz, mas terá de se conformar com os motores de baixa cilindrada sobrealimentados com turbo e injeção direta equipando a maioria dos carros em um futuro bem próximo. Prova disso é que, nos últimos anos, as fabricantes de automóveis vêm apostando nesse tipo de propulsor em modelos médios para atingir níveis de consumo de combustível cada vez mais baixos, porém, sem prejudicar o desempenho. E um dos exemplos mais polêmicos dessa tendência foi lançado no Brasil há pouco mais de um mês (embora já exista na Europa há algum tempo): o Volkswagen Golf 1.0 TSI.
Nacionalizado no começo do ano, o Golf ficou menos refinado que os modelos alemão e mexicano em virtude das trocas do câmbio DSG de dupla embreagem pelo Tiptronic com conversor de torque e da substituição da suspensão traseira multilink pelo sistema de eixo de torção. Junto com essas mudanças, também veio o motor 1.6 MSI aspirado como uma opção mais acessível, mas o propulsor não caiu muito bem no Golf, principalmente no que diz respeito ao desempenho.
A solução utilizada pela Volks para diminuir a lacuna que existia entre o acanhado 1.6 MSI e o bem disposto 1.4 TSI foi equipar o Golf com o 1.0 TSI de três cilindros que estreou por aqui no compacto up!.
Antes de ir para debaixo do capô do Golf, o motor da família EA211 recebeu duplo comando variável de válvulas (as de escape contam com inserto de sódio para favorecer o resfriamento), radiadores maiores para o arrefecimento do motor e do intercooler (que agora é integrado ao coletor de admissão com o objetivo de reduzir o turbo lag), além de bielas e pistões reforçados. As galerias de refrigeração do cabeçote, bloco e turbo agora são separadas. Já o turbocompressor ganhou uma carcaça mais robusta feita de liga de aço.
No Golf, o 1.0 TSI gera 116 cv de potência com gasolina e 125 cv quando abastecido com etanol. O torque máximo de 20,4 kgfm é disponibilizado entre 2.000 e 3.500 rpm com qualquer mistura de combustível no tanque. No up!, o três-cilindros turbo desenvolve 101/105 cv (gasolina/etanol) e 16,8 kgfm a 1.500 rpm.
Para suportar a potência e o torque extras (ganhos de 19% e 21%, respectivamente), a embreagem também foi redimensionada. A caixa manual de seis velocidades (no up! TSI são cinco marchas) possui escalonamento diferenciado, com asegunda marcha alongada e quarta e quinta com relações encurtadas.
“Milzão” turbo na pista
São apenas 5 cv de vantagem em relação ao 1.6 MSI quando abastecidos com etanol, mas a diferença de desempenho impressiona logo nas arrancadas em semáforos e na hora de encarar subidas. O Golf 1.0 TSI esbanja disposição a baixas rotações, deixando a dirigibilidade prazerosa no trânsito urbano mesmo sem a disponibilidade do câmbio automático. Como em outros modelos da Volks, a caixa manual tem engates curtinhos e precisos. O “lag” da turbina, entretanto, é percebido abaixo das 2.000 rpm, exigindo o uso da segunda marcha para transpor lombadas mais altas e valetas.
O três-cilindros turbo também dá conta na estrada. O Golf 1.0 TSI acelera e retoma velocidades com disposição próxima a de um 2.0 aspirado e acompanha carros com motores mais potentes sem dificuldades. Segundo a Volkswagen, o hatch de 1.223 kg acelera de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e chega aos 194 km/h de velocidade máxima, abastecido com etanol.
No teste de desempenho promovido pelos engenheiros do Instituto Mauá de Tecnologia, o Golf 1.0 TSI precisou de 10,64 segundos para atingir os 100 km/h com o combustível vegetal no tanque e 11,64 segundos com gasolina.
Na prova de consumo urbano, o Golf 1.0 TSI registrou 12,7 km/l com gasolina e 9,2 km/l com etanol – números idênticos aos da versão Highline 1.4 TSI automática (12,6 km/l e 9,2 km/l, respectivamente). Na estrada, o hatch fez 17,1 km/l com o derivado de petróleo e 13,3 km/l com o combustível vegetal (veja os números das medições no final da matéria).
De resto, o Golf 1.0 TSI manteve as qualidades das outras versões. Construção sólida, cabine bem acabada e comportamento dinâmico elogiável, caracterizado pela direção elétrica de respostas diretas e pelas suspensões que aliam firmeza em curvas e conforto aos ocupantes.
Com preço inicial de R$ 74.990, o Golf Comfortline 1.0 TSI traz em seu pacote “básico” sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para o joelho do motorista), controles eletrônicos de estabilidade e tração, ganchos Isofix para a ancoragem de cadeirinhas infantis, cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes, direção elétrica, ar-condicionado, faróis de neblina com luz de conversão, rodas de 16 polegadas, assistência de partida em rampas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e central multimídia Composition Media com tela de 6,4 polegadas e compatível com os sistemas Apple Car Play e Android Auto.
A Volkswagen ainda disponibiliza o teto solar panorâmico e três pacotes de equipamentos (Comfort, Elegance e Exclusive) entre os opcionais, que adicionam rodas aro 17, ar digital de duas zonas, multimídia Discover Media com tela de 6,5 polegadas e espelhamento de smartphones, bancos de couro e sensor de chuva e acendimento automático dos faróis. Com todos os itens disponíveis, além da pintura metálica, o Golf Comfortline 1.0 TSI como o avaliado chega a custar R$ 95.071.
O Golf 1.0 TSI pode não ter um preço muito convidativo, principalmente no caso da configuração completa (ainda mais por se tratar de um carro que deveria ter sido lançado com a opção de câmbio automático). No entanto, essa nova versão prova que as tecnologias atuais permitem a um carro médio ter um motor pequeno mais eficiente que os aspirados tradicionais.
Fotos: Guilherme Silva e Divulgação
Teste Carsale-Mauá
| Gasolina | Etanol |
Consumo cidade | 12,7 km/l | 9,2 km/l |
Consumo estrada | 17,1 km/l | 13,3 km/l |
0 a 60 km/h | 5,09 segundos | 4,80 segundos |
0 a 100 km/h | 11,35 segundos | 10,64 segundos |
0 a 120 km/h | 15,53 segundos | 14,51 segundos |
Retomada 40 a 100 km/h | 9,02 segundos | 8,92 segundos |
Retomada 80 a 120 km/h | 8,71 segundos | 8,41 segundos |
Aceleração em 400 metros | 17,85 segundos - 127,44 km/h | 17,44 segundos - 130,47 km/h |
Aceleração em 1000 metros | 32,72 segundos - 161,36 km/h | 31,87 segundos - 166,05 km/h |
Frenagem 100 a 0 km/h | 50,1 metros | 50,1 metros |
Ficha técnica
| |
Carroceria | Monobloco em aço, cinco portas, cinco lugares |
Motor | Dianteiro, longitudinal, turbocompressor, intercooler, injeção direta de combustível, a gasolina e/ou etanol |
Número de cilindros | Três em linha |
Número de válvulas | 12 (quatro por cilindro) |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Cilindrada | 999 |
Potência | 116/125 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol) |
Torque | 20,4 kgfm entre 2.000 e 3.500 rpm |
Transmissão | Manual de seis marchas |
Tração | Dianteira |
Direção | Elétrica |
Suspensão dianteira | Independente tipo McPherson |
Suspensão traseira | Eixo de torção |
Pneus e rodas dianteiros | 205/55 R16, liga leve de 16 polegadas |
Pneus e rodas traseiros | 205/55 R16, liga leve de 16 polegadas |
Freios dianteiros | Discos ventilados com ABS e EBD |
Freios traseiros | Discos sólidos com ABS e EBD |
Tanque de combustível | 51 litros |
Volume do porta-malas | 313 litros |
Altura | 1,46 m |
Comprimento | 4,25 m |
Largura | 1,79 m |
Entre-eixos | 2,63 m |
Peso em ordem de marcha | 1.223 kg |
Carga útil | 497 kg |
O post Volkswagen Golf Comfortline desafia o preconceito com motor 1.0 turbo; veja os números do teste apareceu primeiro em Carsale.
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