MEN AT WORK (2)

menat2SÃO PAULO (tarde, né?) – Bom, tem a história do carregador zarolho de Voltaire, que nem sei se é verdade. Ver as coisas com o olho bom. É o que tentaremos fazer depois do primeiro grid definido da temporada, apesar da mais do que previsível pole de Comandante Amilton — a 62ª de sua carreira.

Meu olho bom celebra o excepcional sexto lugar da Haas com Romã Grojã, por exemplo. Que equipe legal, essa! Embora Magnólia Arrependida não tenha passado do Q1. O que é um semi-vexame, enxergaria meu olho ruim. Mas o olho bom vê com alegria a estreia de Anotnio Giovinazzi, primeiro italiano a disputar um GP desde 2011 — quando Trulli defendia a Lotus verde e Liuzzi, a Hispania. Ele foi avisado por mensagem de celular que teria de se apresentar para o terceiro treino livre, já que Pascal Wê Lá, Hein? continuava sofrendo as consequências do acidente da Corrida dos Campeões, em dezembro. As dores já tinham-no tirado da primeira sessão de testes em Barcelona. Treinou na sexta, sentiu cansaço e dores nas sequências longas de voltas e pediu para não correr.

Giovinazzi foi bem, ficou em 16º no grid com a tranqueira da Sauber, e não passou ao Q2 por 0s047 — seu companheiro Sonyericsson levou a vaga. Considerando tudo, inclusive o fato de nunca ter andado em Melbourne e não ter feito os treinos da sexta, quase uma façanha. Meu olho bom curtiu.

Mas meu olho ruim achou uma vergonha o início do fim de semana de estreia de Lance Is Troll (só pode ser). O cara arregaçou o carro no fim do terceiro treino livre. A Williams teve até de trocar o câmbio, o que faria com que ele perdesse cinco posições no grid. Trabalharam feito camelos para colocar o carro na pista. E o moleque fez o 19º tempo. Larga em último.

Acho que é pior do que imaginávamos. Is Troll foi o apelido escolhido? Ou vamos variar, dependendo da merda que fizer? Pensemos nisso. Lance Strolha, por exemplo.

Resumindo, o Q1 decepou Magnussen, Giovinazzi, Não Doorme, Storvo e Palmolive. Desses, só o italiano merece perdão. Os demais foram surrados por seus companheiros de equipe sem desculpas convincentes. Palmer é ruim, mesmo. Stroll, idem. Ah, mas é tão jovem! Sim, jovem e ruim. E Magnussen pelo menos admitiu que errou nas duas tentativas de voltas rápidas. Este ainda merece um crédito.

O Q2 deixou meu olho bom feliz ao notar que a Toro Rosso começou a temporada muito melhor do que terminou a pré. Seus dois pilotos subiram ao Q3, Sainz Idade e K-Vyado. Em compensação, os carros róseos da Force India decepcionaram, e tanto Maria do Bairro quanto Estaban Locón ficaram pelo caminho. Hulk, agora na Renault, ficou mais ou menos onde se esperava — mas o carro vai melhorar, com ele. E Alonso, El Fodón de La Eliminación, terminou em 13º, expressando… tristeza, melancolia, desânimo, abatimento, desconsolo, insatisfação, aflição, desolação, mágoa, amargura e padecimento. Foi uma merda, em outras palavras. Mais um ano jogado no lixo.

O Q3, sinceramente, não teve surpresas. A pixotada do dia, que atiçou meu olho ruim e todos os olhos frustrados da torcida no Albert Park, foi a batida de Ricardão antes mesmo de abrir volta rápida. Larga em décimo. Hamilton será escoltado na primeira fila por Tião Italiano, com um bom segundo lugar no grid a 0s268 do inglês. Sapattos foi o terceiro, normal. Kimi Dera Um Mercedão, o quarto — igualmente normal.

O problema começa a aparecer aí. Essa turma, os quatro de Mercedes e Ferrari, andou no mesmo segundo — 0s8 de Hamilton para Raikkonen. Verstappinho, o quinto no grid, ficou a 1s297 da pole. Serão dois mundos nas primeiras corridas da temporada, o de Mercedes e Ferrari e o do resto, com Red Bull à frente — longe dos ponteiros e também distante do pelotão intermediário. Desconfio que Ricciardo e Verstappen terão corridas solitárias no horizonte próximo. Aliás, Max disse que o GP da Austrália será chatíssimo e quem fizer a primeira curva na frente, leva. A conferir.

Grojã, no fim das contas, era o mais feliz do top-10 com sua sexta colocação no grid. Massacrado veio logo depois, e ficou satisfeito com a posição — era mais ou menos o que esperava. Depois vieram Sainz Jr., Kvyat e Ricciardo.

Vai largar todo mundo de ultramacio e não creio que teremos grandes variações de estratégia nessa prova. Uma parada não é de se descartar. Duas talvez seja o normal para a maioria, mas é a primeira do ano, num asfalto diferente do de Barcelona, a turma ainda deve estar fazendo umas contas.

Espero ver uma Ferrari forte em ritmo de corrida, para que Hamilton x Vettel seja um duelo visível para o resto do ano. Se isso acontecer, teremos muito a agradecer aos céus: um tricampeão versus um tetra, uma Mercedes versus uma Ferrari.

Mas, sinceramente, acho que Lewis vai sumir.



Leia Mais.