SÃO PAULO (e tem coisa…) – Não falei ontem sobre a tretinha entre Massa e Verstappen no Bahrein, que começou no sábado quando Max acusou Felipe de atrapalhar sua volta na classificação. “Nem adianta falar com ele, porque é brasileiro…”, disse o imberbe holandês. Teve gente que já levou para o lado patriótico e passou a defender o envio do porta-aviões Minas Gerais para o Mar do Norte e o envio de Urutus para a fronteira com o Suriname.
Oh, quando fervor.
Felipe reagiu à altura, armou-se de uma camisa da CBF e ameaçou: “Toma cuidado que tu vai correr no Brasil!”, disparou pela imprensa, evocando o PCC e a Torcida Independente.
Hoje Verstappinho pediu desculpas ao povo brasileiro pelo Instagram.
Importância disso tudo? Nenhuma. Massa tem idade suficiente para não entrar nessas polêmicas vazias. Max apenas falou uma bobagem, mais uma. Desde sua chegada à F-1 que o rapaz tem o hábito de soltar a língua além da conta — já atacou Vettel e Raikkonen, por exemplo, e nenhum dos dois deu muita bola. Felipe deveria ter feito o mesmo.
Vamos ao que interessa. Teve ordem de equipe na Mercedes? A equipe diz que foi algo circunstancial, mas que agora que tem outro time na briga essas coisas terão de ser repensadas no time. Nos anos anteriores, a disputa era interna. Ganhasse um ou outro, para os prateados dava na mesma. É, Bottas, chegaste numa hora difícil. “É a pior coisa para se ouvir”, falou o finlandês sobre os pedidos pelo rádio para deixar Hamilton passar. E nosso cartunista oficial, Maurício Falleiros, pescou o momento.
Falle1ros

A favor de Bottas e da Mercedes, antes de emitir qualquer juízo de valor sobre as ordens da equipe que poderão ou não ser frequentes ao longo da temporada, diga-se que um gerador falhou no grid, deixando os pneus do finlandês com uma pressão mais alta do que o combinado. Depois, as pistolas que tiram as porcas nos pit stops não funcionaram direito. Enfim, não foi um domingo muito feliz para o rapaz. E mesmo assim ele levou uma tacinha. Não reclame.
Falemos da Alonso, agora, personagem do fim de semana no deserto. Primeiro, com a história de Indianápolis. Depois, com os seguidos pitis pelo rádio reclamando da falta de potência dos motores Honda — realmente é algo exasperante. “Eu olhava no espelho e via carros a 300, 400 metros de mim. Aí começava a mexer nos meus botões e, de repente, na freada, os caras já estavam do meu lado! Nunca tive um motor tão fraco”, reclamou. Depois, defendeu Vandoorne, que não largou porque detectaram um problema de pressão de água já no grid. “Isso é inaceitável”, resumiu. “Não vejo a hora de chegar a Indy para esfriar a cabeça.”
De tudo isso, fica a frase do GP, de Éric Boullier, chefe da McLaren, com um balanço do fim de semana da equipe no Bahrein.
A FRASE DE SAKHIR
“O que posso dizer? Fernando não conseguiu terminar e Stoffel não conseguiu largar.”
Agora, notícia quente mesmo surgiu hoje, via imprensa alemã. De saco absolutamente cheio com os problemas da McLaren, da Honda e da vida em geral, Alonso já teria começado a negociar com a Renault para 2018. Isso mesmo, a Renault, onde foi tão feliz na metade da década passada, conquistando seus dois títulos mundiais.
A Renault está melhorando muito, é visível. Uma dupla com Hülkenberg seria interessante. É provável que a equipe francesa continue melhor que a McLaren em 2018. Melhor acompanhar esse troço com atenção.
E Massa, voltando à vaca fria lá do começo? Sexto colocado na corrida, o brasileiro gostou muito e ficou feliz da vida. E esse desempenho, que para muita gente foi apenas normal (eu, por exemplo), veio numa data importante, como se vê abaixo:
O NÚMERO BARENITA
Frank Williams completou 75 anos e Felipe disse que seu presente ao legendário dirigente foi sua colocação final. “Para nós, um resultado desses é como uma vitória”, falou, todo animadinho. Ele volta à pista amanhã para o primeiro dos dois dias de testes de inter-temporada lá mesmo no Bahrein. Stroll também anda. A novidade é Gary Paffett na quarta-feira.
Falando de Williams, vamos absolver Stroll pela batida com Sainz Jr. Eu já tinha dito isso ontem, mas vale reforçar. E a FIA também achou que o espanhol fez cagada. Tanto que já puniu o piloto da Toro Rosso com três posições no grid em Sochi. Mesmo assim, depois de tudo resolvido, um ficou xingando o outro.
Por fim, um registro interessante sobre velocidade entre companheiros de equipe. A melhor volta de Hamilton foi cronometrada em 1min32s798. A de Bottas, em 1min34s087. Acho que isso diz bastante sobre as decisões da Mercedes ontem.
Agora, o famosíssimo “Gostamos & Não gostamos”.
GOSTAMOS…
…da sinceridade de Hamilton >>>, que reconheceu sua culpa na presepada nos boxes que resultou na punição com 5s — o que, de certa maneira, impediu uma briga direta com Vettel. “Acho que estou ficando velho”, disse.
NÃO GOSTAMOS…
…de <<< Galvão Bueno deliberadamente não mencionar a notícia da semana no automobilismo: a de que Fernando Alonso vai disputar as 500 Milhas de Indianápolis, abrindo mão do GP de Mônaco. Alonso foi tema de vários comentários do narrador da Globo e dos comentaristas Reginaldo Leme e Luciano Burti na transmissão, já que apareceu bastante na geração de imagens barenita. Omitir o fato é uma infantilidade. Se é dele ou da emissora, não sei. Se for dele, pior. Se for da Globo, Galvão tem cancha e moral suficientes para peitar o chefe que deu a ordem.
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