Fiat Uno Sporting 1.3 Manual: o novo queridinho do mercado de usados

Dias depois de avaliar o Uno com câmbio automatizado, chegou a hora de encarar a versão com câmbio manual.

Quem acompanhou a outra avaliação, sabe que não gostei do câmbio, que se mostrou desagradável em um carro com tantas qualidades. Desta vez foi diferente. Foi tão legal ficar uma semana com o Sporting manual, que lamentei o dia que precisei devolver à Fiat. Confira abaixo a avaliação e o vídeo!

A pegada é completamente diferente. O Uno Sporting me passou uma dirigibilidade muito prazerosa, com motor incrível, suspensão perfeita e o câmbio de 5 marchas correto, com engates macios e precisos.

Quem adora seguir tendências, deve reclamar da falta de uma sexta marcha. Mas já adianto que em nenhum momento senti que precisava dela. As tradicionais cinco marchas foram bem escalonadas e acabam sendo mais práticas no uso.

Tudo isso em um pacote de decoração esportiva de bom gosto que, ao meu ver, é até mais bonita que a decoração da versão Way. Fora o pacote de opcionais de respeito, que em nada nos faz lembrar dos simplórios Unos do passado

Estilo

A versão Sporting já está em sua terceira fase e manteve o DNA das outras duas. A atual é facilmente reconhecida nas ruas pelos para-choques e rodas exclusivas, grade horizontal com friso vermelho, prolongador nos para-lamas, saias laterais, retrovisores e aerofólio pintados de preto, faróis com máscara negra e faixas decorativas.

Aliás, essas faixas foram motivo de piada para minha filha de nove anos. Logo no primeiro dia com o carro, fui pegá-la na escola e a mesma entrou no carro dizendo que “esse ‘R’ era ‘Z’”. Não entendi e pedi uma explicação, ao que ela me disse que o “R” na porta era “zoado”.

Dei risada com sua sinceridade. Mas para os leigos, esse “R” é tradicional nos Unos esportivos. Lembro com certo saudosismo dos antigos 1.5 e 1.6R, carros que fizeram parte da minha infância.

Nos dias seguintes, mais simpática com o Uninho, minha filha o apelidou de “R” branquinho, em alusão a bela cor Branco Alaska (perolizada), um opcional que vale o investimento de R$ 1.366. Para ficar melhor, bem que a Fiat poderia mudar o nome para Uno 1.3R.

Interior

Algo que sempre me decepcionou é quando uma versão diferente de um carro é exatamente igual por dentro, deixando as mudanças visíveis apenas para quem está do lado de fora. Felizmente, a Fiat não esqueceu dos ocupantes e recheou o carro com detalhes vermelhos (na verdade, está mais para cor de vinho) nas costuras dos bancos, maçanetas, volante e mostradores do painel.

Fora esses detalhes, que é quase um arroz com feijão nos carros esportivos, os mais atentos devem notar que as colunas e o forro do teto são pretos nessa versão, diferente de qualquer outra que usa um tom mais claro.

Os bancos usam tecido simples, mas bem que podiam usar veludo. Outra coisa que lamento é o pouco espaço no banco traseiro, que não deve agradar quem tem filhos grandes.

E senti falta dos cintos de segurança vermelhos, tradição que começou no Fiat Oggi CSS e passou pelas linhas “R” de Uno e Palio. Por ser algo simples de trocar, certamente eu mudaria isso caso fosse dono de um.

Motor

Se me dissessem que embaixo do capô tem um girador 1.6 16v, eu acreditaria. No entanto, o motor deste carro é um pequeno 1.3 8v, da nova família de motores Firefly. Motor gostoso, suave, silencioso (até demais para a proposta esportiva), girador, “torcudo” e o melhor de tudo, econômico.

Alguns devem achar que sou louco em fazer tantos elogios para esse pequeno motor. Mas estou usando como parâmetro carros da mesma categoria. A Fiat manteve uma concepção simples e mandou bem em seu desenvolvimento.

Com alta taxa de compressão, o flexível 4 cilindros gosta mais de álcool do que de gasolina. Com esse combustível, atinge 109 cv de potência e deve deixar com raiva quem comprou o antigo Uno 1.4 (21 cv a menos) pouco antes do lançamento desse 1.3. Em ciclo urbano, chega com facilidade nas velocidades máximas entre 50 km/h e 70 km/h.

Em rodovias acelera e retoma com vivacidade e mantém com muita tranquilidade velocidade de cruzeiro entre 100 km/h e 120 km/h.

Nessas condições, consegui a excelente média de 17 km/l em uma viagem de São Paulo a Campinas. Depois dessa pequena viagem, zerei o computador e passei a registrar o ciclo urbano e jamais a marca ficou abaixo dos 10 km/l. Fechei o teste com 642 km rodados e média de 12,2 km/l, sempre com álcool no tanque e ar condicionado ligado.

Suspensão

Elogiei a suspensão da versão Way, que é um pouco mais alta que o normal e me agradou em ruas esburacadas e em passagens por valetas.

Pensei que fosse notar alguma diferença no Sporting, que tem a suspensão um pouco mais baixa. Ledo engano, pois mesmo assim, o Uno mantém boa altura em relação ao solo. Em nenhum momento raspei a frente do carro, nem sofri em buracos. Esse é um quesito que deixa claro que os engenheiros da Fiat conhecem bem nossas ruas.

Vale lembrar que esse carro estava equipado com controle de estabilidade e tração, transmitindo segurança de primeiro mundo na condução do carro.

Freios

Corretos em sua operação, com pedal bem progressivo, diferente de Palios que dirigi no passado, onde o motorista pensa em frear e o carro já começa a ancorar. Só lamento a falta de discos ventilados na frente.

Não passei nenhum apuro com os discos sólidos, mas certamente sofrem fadiga antes do tempo, algo impensável em um carro com proposta esportiva.

Se você é daqueles que gosta de colocar o carro em uma pista para brincar em “track days” ou torneios de regularidades, vai querer fazer um upgrade nos freios.

Curioso lembrar que nos anos 90, o Uno Turbo sofreu alterações nas medidas das rodas para acomodar discos maiores e ventilados. Na ocasião, as rodas passaram de 13 para 14 polegadas. Hoje temos um Uno Sporting com rodas ainda maiores, de 15 polegadas, mas com discos mais simples. É a forma assumindo o papel da função.

Câmbio

Os dois carros que tenho são automáticos, algo que me dá muito conforto no trânsito pesado que enfrento todos os dias.

Mas esse Uno resgatou aquele prazer que todo amante por carros tem. Se foi uma delícia guiar esse carro compacto e leve com um motor forte, boa parte do prazer está no câmbio.

Como adiantei no início da avaliação, esqueça a falta da sexta marcha, ele é perfeito com as cinco disponíveis. Isso fica claro na estrada, onde mantém baixas rotações em velocidade de cruzeiro e não requer reduções de marcha para fazer leves retomadas.

Mercado

A concorrência no mercado de 0km é pesada e tem outras opções tão interessantes como esse Uno Sporting. O que percebo é que boa parte das pessoas não reconhece no Uno um modelo digno de custar o que custa.

Esse avaliado custa R$ 57.443 e parte de R$ 51.080 sem opcionais. Não é pouco para um carro que nas últimas décadas foi o modelo de entrada da Fiat. Porém precisamos reconhecer que houve evolução em quase tudo e hoje o Uno se mostra um carro atual e moderno.

No mercado de carros usados, acredito que as vantagens de desempenho e consumo do 1.3 devem deixar uma boa diferença de preço em relação aos modelos até 2016 que usavam motor 1.4.

Mecânica simples, força da marca e boa liquidez no mercado devem fazer dele um queridinho no mercado de carros usados.

Conclusão

Eu aprovo o Uno Sporting 1.3 manual e teria fácil um na minha garagem. Amante de carros usados que sou, não descarto um “R branquinho” para presentear minha filha daqui ai 9 anos, quanto estiver habilitada para dirigir.

Felipe Carvalho é o primeiro caçador profissional de carros do Brasil. Acesse o site www.cacadordecarros.com.br e saiba mais. Inscreva-se no canal do Caçador de Carros no YouTube e curta a página de Felipe no Facebook.

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