RIO (eita que daqui a pouco é anteontem) – Numa corrida de poucas emoções, apesar das diferenças quase inexistentes no cronômetro entre primeiro e segundo e entre terceiro e quarto (quem entende desse troço sabe que os que estavam na frente calcularam tudo direitinho), a polêmica ficou por conta de algo que não aconteceu: a queima de largada de Bottas reclamada pelo reclamão Vettel.

O finlandês não queimou, como todo viram e os sensores comprovaram. A pequena, quase imperceptível mexida do pneu não configura irregularidade. O fato é que Valtteri fez o que chamou de “largada da vida” e até apareceu um aplicativo para que o povo pudesse tentar o mesmo que ele com os dedos, na tela do celular, ou com o mouse no computador. O teste está aqui. É viciante, esse negócio. Contem aí o que conseguirem, mas sem roubar!

Passei o dia me divertindo nisso, e consegui 0s206 no celular e 0s222 no laptop. Bottas reagiu ao apagar das luzes vermelhas em 0s201. Teve gente lá na TV que conseguiu 0s028, mas depois de queimar um milhão de vezes. Uma hora, tentando antecipar o momento em que as luzes se apagam, consegue-se algo parecido. Mas o legal é, mesmo, esperar apagar para clicar e ver como é difícil fazer o que o piloto da Mercedes fez.

Sendo assim, o rescaldo de hoje será um pouco mais magro. Há duas notícias que merecem ser destacadas. A primeira diz respeito a Raikkonen, que foi chamado de “preguiçoso” pelo presidente da Ferrari, que já não descarta um ataque a Verstappen – mas descarta Alonso.

A segunda é sobre a Stefan GP, lembram dela? Zoran Stefanovic, empresário sérvio, tentou montar sua equipe na leva de 2010 que trouxe as três nanicas já falidas Camps (depois Hispania, depois HRT), Lotus (depois Caterham) e Virgin (depois Marussia, depois Manor) num processo seletivo idealizado por Max Mosley. O homem está com planos para 2019 e esteve em Spielberg conversando com Ross Brawn, que agora trabalha para o Liberty Media Group. Disse que até já escolheu sede para seu time, em Parma, na Itália. A ver.

Mas sigamos com o que sobrou do GP da Áustria.

O NÚMERO DE SPIELBERG

…pontos já tem a Haas no Mundial de Construtores, marca atingida ontem com o sexto lugar de Grosjean, um dos destaques da prova. É o mesmo que a equipe somou na temporada passada inteira, tendo pontuado em cinco das 21 etapas do campeonato. Neste ano, o time norte-americano já marcou pontos em sete provas — as últimas cinco de forma consecutiva. 

Seguindo com nosso barquinho, julgo legítimo dedicar algumas palavrinhas a Massa e Stroll, que conseguiram levar os dois carros da Williams aos pontos com um nono e um décimo lugar, apesar de largarem na penúltima fila.

Ambos partiram muito bem e se aproveitaram da confusão causada por Kvyat — que levou Alonso e Verstappen junto — para se colocarem na zona de pontuação logo no início, e lá ficaram até o fim. Felipe achou que sua corrida foi “fantástica”. Talvez nem tenha sido tudo isso, mas poderia ter sido pior. Com os três pontos marcados, a equipe se afastou um pouco da Toro Rosso, que ameaça seu quinto lugar no campeonato.

Mas bem, mesmo, foi Ricardão, com seu quinto pódio consecutivo. Ele tem 107 pontos, contra 45 de Verstappinho, que surgiu como um fantasma em sua vida no ano passado. Mas é bom que se diga que o jovem Max tem tido um ano bem tumultuado, cheio de problemas mecânicos. São cinco abandonos nas últimas sete corridas. O menino está ficando impaciente. Aliás, pereceberam como ontem Galvão Bueno malhou o holandês? Como se ele tivesse culpa… Fico doido com essa coisa de diminuir o talento de jovens que não são brasileiros. Um saco.

Quanto ao australiano, é um pilotaço. Resistiu ao ataque de Hamilton nas duas voltas finais com garbo e elegância e deu uma aula de defesa de posição.

Não foram muitas as declarações impactantes ao longo do fim de semana, que começou com o incêndio iniciado em Baku sendo apagado na coletiva de quinta-feira que juntou Hamilton e Vettel na mesma mesa. Ambos se esforçaram para apagar as chamas com palavras amenas, o que causou certa estranheza — para não dizer contrariedade — no chefe da… Red Bull!

A FRASE AUSTRÍACA

Horner: que se odeiem

“Espero que pegue mais fogo ainda na segunda metade do ano. Algumas das melhores corridas que vi foram entre Senna e Prost. O esporte precisa de vilões e heróis para poder escolher.”

Christian Horner, garantindo que Lewis e Sebastian já estão se odiando e que a rivalidade faz bem à Fórmula 1. Para ele, a FIA orientou ambos a baixarem o tom nas entrevistas, o que é uma bobagem, em sua opinião.

Eu poderia também selecionar a frase de Alonso quando atingido por Kvyat na primeira volta — ele falou que parecia ter sido vítima de uma bola de boliche. Mas vamos poupar o espanhol, que já tem sofrido bastante neste ano. Só sei que sua meta de fazer pontos em todas as corridas até o fim da temporada já foi para o espaço, coitado.

Aliás, a McLaren baixou um pouco o tom nas críticas à Honda e informou que vai dar um pouco mais de tempo para os japoneses se acertarem. A equipe deve, mesmo, estar tendo problemas para negociar com outra fornecedora de motores. A Mercedes seria a única decente no horizonte, e parece pouco provável que os alemães decidam reforçar a concorrência.

Como se vê, a prova do Red Bull Ring foi pobre em episódios inesquecíveis, o que levou nosso cartunista oficial Maurício Falleiros a uma espécie de depressão dominical pós-GP.

Falle1ros

E sendo assim, ficou difícil até de escolher o que mais gostamos e o que menos gostamos dessa corrida. Mas sempre tem, né?

GOSTAMOS

Grosjean: feliz

…da atuação de Grosjean >>>, sexto colocado, sua melhor corrida no ano. Não foi, porém, o melhor resultado da Haas na F-1. O mesmo Grosjean conseguiu um quinto no GP do Bahrein do ano passado, uma façanha quase inacreditável para um time que fazia apenas seu segundo GP, e já tinha obtido um sexto na estreia, na Austrália.

NÃO GOSTAMOS

Troféu: infeliz

…do <<< troféu mequetrefe entregue aos três primeiros colocados, uma reprodução do traçado austríaco que mal fica de pé quando colocada na estante. Aqui no Brasil, de vez em quando, a gente ganha uns desses. Uma vez levei um em Londrina que quebrou no aeroporto. Tive de jogar fora.

E fim de papo, que domingo que vem tem mais e é em Silverstone, onde o couro come.

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