RIO (tirando o atraso) – Que a Mercedes iria entrar na Fórmula E, já se sabia. O compromisso tinha sido anunciado alguns meses atrás. Agora já se sabe a data: na temporada 2018/2019. Mas que iria deixar o DTM…
Foi o grande bafão do dia no automobilismo. A montadora alemã avisou que corre no ano que vem o campeonato de turismo de seu país e, depois, tira o time de campo. É um duríssimo golpe no DTM, que já perdeu 25% dos carros neste ano e está sendo realizado com um grid magro de 18 participantes, divididos entre as três grandonas tedescas — Mercedes, Audi e BMW.
Audi e BMW já estão na Fórmula E. A primeira, desde o início — competindo. A outra entra na próxima temporada com a Andretti, mas já é parceira da categoria fornecendo, por exemplo, o safety-car. A Mercedes se juntar a elas era o caminho natural, ainda mais porque na Alemanha os motores a combustão serão simplesmente proscritos a partir de 2030. Não serão mais fabricados no país e ponto final. E a partir de 2050, carros com esse tipo de motor não poderão mais circular por suas ruas e estradas.
Estamos falando de 2030 e 2050, mas os caras já estão se preparando. Por isso a Fórmula E tem recebido tanta atenção das três montadoras, que entendem ser o campeonato um bom laboratório para acelerar o desenvolvimento das muitas tecnologias envolvidas na mudança radical de matriz energética dos automóveis.
Até aí, tudo bem. Mas e o DTM?
Receio que vai acabar. Se tiver de continuar existindo, seus organizadores terão de fazer a toque de caixa uma transformação monumental do seu conceito para introduzir as novidades em 2019, rezando para que alguém se interesse em participar.
O DTM evoluiu do uso de carros derivados de modelos de rua, no início de sua história, para os protótipos altamente sofisticados que são usados hoje. Sofisticados e caros.
A pergunta é: faz sentido gastar tanto dinheiro com carros de corrida cujo princípio de funcionamento será proibido daqui a pouco mais de uma década? Qual seria o caminho? Voltar várias casas no tabuleiro e adotar novamente o modelo de sua origem? Juntar-se ao WTCC, que está capenga e usa carros de verdade? Isso poderia atrair outras marcas. Mesmo assim, não é meio maluco um campeonato alemão de carros que não mais serão permitidos na Alemanha?
É uma baita sinuca de bico. As coisas estão mudando no mundo muito rapidamente. Chega a ser assustador.
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