Quando a Renault apresentou a Duster Oroch, em setembro de 2015, e a Fiat lançou a Toro apenas cinco meses depois, o segmento das picapes médias compactas parecia ter nascido em ebulição e que as duas pioneiras ganhariam muitas concorrentes em pouco tempo. Com carroceria monobloco, mais compactas e práticas para uso urbano, as chamadas SUP (Sport Utility Pickup ou picape utilitária esportiva numa tradução livre) pareciam ser um conceito de sucesso. Contudo, contrariando a euforia inicial, elas nasceram num momento em que o mercado automotivo nacional entrava num ciclo recessivo, o que colocou água fria na fervura.
Atualmente, a Fiat Toro é líder entre os comerciais leves, com 24.686 unidades emplacadas no primeiro semestre de 2017. Se juntarmos os rankings dos automóveis e comerciais leves em uma única lista, a picape produzida em Pernambuco ocuparia uma excelente 9ª colocação. Com a Oroch não é muito diferente, pois até junho foram vendidos relevantes 5.466 exemplares. Apesar dos números da picape francesa não ser tão exuberantes quanto de sua rival italiana, são suficientes para garantir a 8ª colocação entre os comerciais leves, à frente de picapes badaladas como a Mitsubishi L200, Volkswagen Amarok e Nissan Frontier.
Apesar desse cenário aparentemente atraente, a concorrência parece estar hesitante, reticente com a retração do mercado a níveis de dez anos atrás. Projetos que eram dados como certos meses atrás entraram em compasso de espera ou simplesmente foram abandonados.
Segundo os segredistas de plantão, a Ford estaria planejando uma picape derivada do EcoSport. A Volkswagen viria com um modelo com visual inspirado no conceito T-Cross Breeze e utilizando a plataforma MQB. A Hyundai fez questão de mostrar um conceito derivado do SUV Creta no último Salão do Automóvel de São Paulo. A Chevrolet estaria estudando uma caminhonete de porte intermediário entre a Montana e a S10. De outras marcas importantes, como Honda, Toyota, PSA Peugeot Citroën e Nissan, nada se ouviu falar.
Dessa lista, apenas a Hyundai e a Volkswagen devem realmente concretizar seus planos e colocar nas ruas suas picapes médias compactas nos próximos anos.
Há que se considerar também outros aspectos. O primeiro é que os SUVs ainda são uma enorme “galinha dos ovos de ouro” para as montadoras e é aí que elas devem manter seus investimentos no curto prazo. Outra questão, mais delicada, envolve a harmonia do portfólio de produtos de cada marca. Aquelas que possuem picapes médias que vendem muito, como é o caso da Toyota Hilux e a Chevrolet S10, podem questionar se vale a pena lançar novos modelos que possam canibaliza-las. Para fechar a conta, o Brasil vive um momento de instabilidade política que pode comprometer a incipiente e ainda frágil retomada do crescimento econômico.
Com todas essas variáveis em jogo, a não ser que o mercado se restabeleça e volte a crescer com força, é bem possível e o Renault Duster Oroch e a Fiat Toro permaneçam como únicos membros do segmento que inauguraram.
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