SIROTKIN & KUBICA

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RIO (da força da grana)O currículo de Sergey Sirotkin não é grande coisa. Aos 22 anos, salvo engano, tem apenas um título na carreira — em 2011, na F-Abarth. Não sei se ganhou alguma olimpíada de matemática na escola, ou prêmio em feira de ciências. Fez aparições esporádicas na F-2 e no WEC. Na GP2, em duas temporadas, foram três vitórias e dois terceiros lugares nos campeonatos. Realmente nada demais.

Quando a Williams saiu caçando piloto depois da decisão de dispensar Massa de vez, seu nome não era cogitado. No fim, a equipe optou por Kubica, como a gente publicou em meados de novembro no Grande Prêmio. A informação fora apurada pelo infalível Américo Teixeira Jr.

Ah, mas ele errou!, gritará algum chiliquento de redes sociais — como os há…

Não, não errou. Kubica, inclusive, foi confirmado hoje pela Williams, como havíamos informado há dois meses. Será o piloto reserva, fará alguns treinos e desenvolvimento do carro. Não se surpreendam se disputar algum GP, dependendo do que Sirotkin for ou não capaz de fazer.

O que não informamos em novembro, pela simples razão de que era um não-fato, não estava em curso, foi a entrada de Sirotkin na briga pela vaga. Ela aconteceu semanas depois de Williams e Kubica chegarem a um acordo. E o russinho entrou do jeito que mais agrada o time: acenando com uma polpuda ajuda financeira. Muito mais do que o polonês foi capaz de levantar junto a alguns patrocinadores: 14 milhões de euros.

Dinheiro fácil, já tem algum tempo, é algo que a Williams não recusa. Desde 2007 é assim. Foi quando o time abriu suas portas para Kazuki Nakajima, para garantir o fornecimento dos motores da Toyota. Ficou três anos nessa toada. Em 2011, recebeu de braços abertos Pastor Maldonado e os dólares da PDVSA venezuelana. Mais três anos. Virou hospedeira assumida de pilotos pagantes. Era uma forma de sobreviver.

De 2014 a 2016, porém, já refeita dos baques econômicos da década anterior, a Williams pareceu disposta a se reencontrar com o passado, reconstruir sua imagem vencedora, voltar a ser uma protagonista como fora nos anos 80 e 90. Deu sinais claros de recomeço, promovendo uma reestruturação interessante que contava com novos motores, da Mercedes, um patrocínio forte, da Martini, e uma mescla interessante da juventude de Bottas com a experiência de Massa.

Durou pouco, de novo. Apenas três anos. Foi quando chegou Lawrence Stroll no fim de 2016 com a bolsa cheia de grana para colocar o filhote Lance para correr. Os olhinhos de Frank e Claire brilharam. Felipe foi rifado. Só correu no ano passado porque a Mercedes lhe tirou Bottas para substituir o recém-aposentado Rosberg. Mas ficou evidente que o time dedicaria toda sua cota de carinho a Stroll, que é quem paga as contas, afinal.

Sirotkin surgiu quando as coisas com Kubica já estavam definidas. Nada que não pudesse ser rasgado, porém. O dinheiro russo falou bem mais alto, e é sabido que a posição de Robert sempre teve um quê de vulnerabilidade por conta de sua condição física. Frank não tem piedade nessas horas, nem Claire — quem viu o documentário sobre o inglês no Netflix sabe do que estou falando. Com bufunfa na parada, não tem conversa.

É ruim, tecnicamente falando, ter uma dupla formada por um fedelho de 19 e outro de 22 anos numa equipe de Fórmula 1. Fossem ambos geniais, OK. Mas não é o caso. A juventude é uma dádiva para muita coisa na vida, mas para guiar carros de corrida em nível altíssimo, como exige a categoria, é de bom tom contar com alguém que já saiba fazer a barba sozinho.

Terceira colocada no Mundial de Construtores em 2014 e 2015, a Williams caiu para o quinto lugar em 2016 e 2017. Além das três maiores — Ferrari, Mercedes e Red Bull –, a Force India também passou a superá-la sem grande dificuldade. Nesta temporada, podem escrever: Renault e McLaren tendem a andar na frente, e a equipe vai brigar pelo sétimo com Haas e Sauber — acho que a Toro Rosso, agora com motores Honda, é a maior candidata à lanterna em 2018.

Um sétimo ou oitavo entre as equipes significa bem menos dinheiro na distribuição do bolo para a temporada seguinte. No final do ano, Frank e Claire farão suas contas para saber se valeu a pena dar um cockpit a Sirotkin.

Mas cada um sabe onde aperta o calo.



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