Gasly: quarto lugar espetacular com a Toro Rosso
RIO (amo as pequenas) – A Toro Rosso nasceu em 2006 de uma costela da Minardi, a simpaticíssima equipe de Faenza comprada pela Red Bull para ser seu time-satélite. Desde então, serviu de hospedeira para os jovens talentos descobertos pelos rubro-taurinos. Até hoje, 13 pilotos vestiram seu macacão. Três deles vingaram sem dúvida nenhuma, como diria aquele velho locutor de rádio: Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen.
Outros sucumbiram e foram ganhar corridas e campeonatos em outras séries — Buemi e Bourdais estão nessa categoria; Vergne, que mais disputou GPs pelo time (58), faz caminho semelhante agora na Fórmula E. Outros tantos foram moídos pelo rigor de Helmut Marko, a quem a Red Bull incumbiu de dizimar carreiras — pode-se colocar nessa lista Scott Speed, lembram?, Alguersuari e Kvyat.
Ontem, Pierre Gasly, aposta que a equipe bancou no ano passado, produziu a imagem mais bonita do GP do Bahrein.
Eu poderia ter escolhido, como significativa jornalisticamente, a perna quebrada do mecânico da Ferrari no pit stop de Raikkonen. Mas foi feia demais, não gosto de tragédias. Como o rapaz está bem, não faz sentido ficar batendo nessa tecla. A equipe é que deve satisfações pela cagada nos boxes. Então, fiquemos com o sorriso do jovem francês de 22 anos que encheu os olhos de quem gosta quando Davi dá uma rasteira em Golias. Ou o contrário, nunca sei se o pequenininho era Davi, ou Golias. Mas vocês entenderam.
E é graças a Gasly que trazemos…
O NÚMERO BARENITA
…vezes a Toro Rosso conseguiu colocar um carro em quarto lugar num GP — seu melhor resultado na F-1, exceção feita à vitória de Vettel em Monza em 2008, único pódio do time. Os outros cinco, antes do resultado de Gasly ontem, foram obtidos por Vettel (Brasil/2008 e China/2007), Verstappen (EUA e Hungria/2015) e Sainz Jr. (Singapura/2017).
Eu poderia ter escolhido outro número, mais redondo e impressionante, como um expressivo “200″ para os GPs que Vettel completou ontem na categoria — e com vitória. Ou, ainda, um forte “70″, que é o número de pódios que Hamilton alcançou com a Mercedes com seu terceiro lugar.
Mas vamos deixar os grandões de lado, pelo menos por enquanto. Até porque foi Gasly quem ganhou o prêmio de “Piloto do Dia”, outorgado pelo amigo internauta.
Que preferiu o pequeno francês ao gigantesco alemão, embora este tenha feito uma corrida espetacular especialmente na sua fase final, segurando Bottas com seus pneus estropiados e aplicando até algo parecido com um blefe pelo rádio para levar a Mercedes a acreditar que ele não tinha nenhum problema com a borracha, para desestimular alguma tentativa de ataque do finlandês.
Aliás, o que está acontecendo com a Mercedes? Em termos estratégicos, levou duas surras da Ferrari em duas corridas. Não há sinais de crise, mas uma espécie de alerta geral foi disparado nas hostes prateadas. Porque mesmo tendo colocado dois pilotos no pódio, ninguém ficou muito satisfeito com o resultado barenita.
A FRASE DE SAKHIR
Toto Wolff: azedume em Stuttgart
“Segundo e terceiro era o mínimo que tínhamos a obrigação de conseguir, considerando que os dois carros da Red Bull e um da Ferrari, de Kimi, estavam fora. É pouco e precisamos rever algumas coisas.”
Toto Wolff, todo preocupado com o começo de ano da equipe favorita ao título
Apesar de tudo, acho que ainda não é o caso de se desesperar. Pelo ritmo de Hamilton, por exemplo, dá para imaginar que ele lutaria pela vitória se não tivesse largado tão atrás, em nono, por conta de uma troca de câmbio. Se é verdade que não foi bem na classificação, apenas o quarto tempo, na corrida o rapaz foi bem convincente — sua ultrapassagem tripla sobre Alonso, Ocon e Hülkenberg, na quinta volta, foi um dos momentos mais belos dos últimos tempos, embora o grau de dificuldade não tenha sido tão grande assim.
A treta com Verstappen no início atrapalhou, como o inglês admitiu, mas depois ele saiu à caça de seus adversários com apetite. Considerando que Bottas chegou menos de 1s atrás de Vettel, é legítimo imaginar que Lewis poderia brigar pela vitória se tivesse partido, por exemplo, da segunda fila.
Mas o “se” não joga, como se diz, então que a Mercedes junte os cacos e tente se recuperar domingo na China — onde, diga-se, ganhou cinco das últimas seis edições da prova, sendo três vezes com Hamilton e duas com Rosberg.
Aliás, as estatísticas são muito generosas com a Mercedes nos últimos anos, assim como com a Red Bull e com a Ferrari, o que me fez pesquisar qual foi a última corrida vencida por uma equipe diferente dessas três na F-1. Vocês lembram? Foi de Raikkonen, com a Lotus preta, no GP da Austrália de 2013. Desde então foram disputados 99 GPs na categoria, com 66 vitórias da Mercedes, 21 da Red Bull e 12 da Ferrari.
Pessoal precisa se mexer.
De qualquer forma, a corrida foi legal. Tanto que até nosso sempre ácido Maurício Falleiros, cartunista oficial desta seção, esqueceu daquilo que nos horrorizou na abertura do campeonato.
E a Williams, hein? Como pode? Tomando pau da Sauber. Puta que la merda. Que coisa horrível.
Os dois pilotos são fracos, mas não se pode colocar tudo na conta deles. Talvez até tenham algum talento — Stroll fez um pódio no ano passado –, mas é impossível mostrar qualquer coisa com uma carroça indizível como essa.
A equipe está perdidinha da silva. Apesar de ter um motor bom, porque ninguém discute a qualidade da Mercedes, se arrasta nas últimas posições sem condição alguma de fazer nada.
Para piorar sua vida, a Sauber marcou dois pontinhos com Ericsson, o que deixa o time de Grove em situação delicada no campeonato. Pelo andar da carruagem, pontuar neste ano será um milagre.
Talvez, para isso, tenha-se de recorrer a um santo polonês. Aguardemos.
E fechamos com nossa consagrada sub-seção que todos esperam sempre com enorme ansiedade.
GOSTAMOS…
Marcus: bem OK
…do nono lugar de <<< Ericsson, claro, um piloto muito mal cotado no meio, que nunca faz nada de excepcional, mas ontem levou seu carro com competência a uma posição mais do que digna, fazendo apenas uma parada e tendo andado até em sexto, antes do pit stop.
NÃO GOSTAMOS…
Max: nada OK
…da tentativa meio idiota de Verstappen >>> de ganhar a posição na marra de Hamilton logo no começo da corrida, demonstrando impaciência e arrogância na tentativa de ultrapassagem. Como reza o ditado, o castigo bem a cavalo. No caso, veio de boi.
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