CANADA DRY (3)

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MOSCOU (blergh) – Olha que corri para ver a corrida! Depois de uma visita a um bunker em Moscou, saí voando com todos os cálculos feitos para pegar o metrô em tempo, mais um Uber local (Yandex), e cheguei na hora de ver pelo canal 3 da nossa TV.

Não vou dizer que foi à toa, porque vejo todos os GPs sempre, aconteça o que acontecer.

Mas se não tivesse visto, talvez não perdesse muita coisa.

O GP do Canadá, resumidamente, foi ruim.

A demonstração de força de Vettel e da Ferrari merece aplausos, claro. Ganhou, como se diz, “fair and square”. Fez a pole, cuidou muito bem de seus pneus por 38 voltas, fez a parada, voltou na frente e recebeu a quadriculada com mais de 7s de vantagem para Sapattos, o segundo. Em nenhum momento foi ameaçado. Comemorou com uma alegria incomum, até bandeirinha da Ferrari pegou para festejar.

A empolgação se justifica pela recuperação da liderança do campeonato, creio. Hamilton ficou em quinto, num dos finais de semana mais discretos que me lembro de tê-lo visto perpetrar. O resultado: 121 a 120 nos pontos para o alemão, decorrido um terço do campeonato.

Por esse lado, é legal. O Mundial está equilibradíssimo entre esses dois pilotos, impossível negar. Se vai ser assim até o fim, não dá para prever. Ano passado, no terço final da temporada, a Ferrari desandou e Lewis ganhou o título com tranquilidade. E a gente achava que seria ponto a ponto até a última volta do último GP. Uma ducha gelada.

O que tem ocorrido neste ano, e que não foi bem a tônica dos últimos, é uma oscilação esquisita da Mercedes. Em algumas pistas, vai bem. Em outras, muito mal — Mônaco, por exemplo; Montreal, de certa forma. O problema tem sido com os pneus mais macios da Pirelli. Que, na prática, são quase todos… Hoje, por exemplo, foram usados pela maioria os ultramacios e os supermacios. Hamilton parou para trocar com 17 voltas. No mesmo momento em que Verstappen, que largou com os mais melequentos — hipermacios –, que teoricamente deveriam durar bem menos. Sei lá. Está estranha, a Mercedes.

Ainda assim, Bottas foi o segundo — ele não teve problemas de pneu, mas sim de consumo de combustível no final. Verstappinho fechou o pódio e Ricardão terminou em quarto, tendo conquistado a posição de Hamilton na sua parada, uma volta depois que a do inglês. Conseguiu sair dos boxes à frente e com muita segurança manteve Lewis a uma distância segura, oscilando entre 1s e 2s, até o fim. Nas últimas voltas Hamilton deu um calorzinho no australiano. Mas não chegou sequer a esboçar uma tentativa de ultrapassagem.

Raikkonen foi o sexto, seguido pela boa dupla da Renault com Hülkenberg e Sainz Jr. Ocon e Leclerc fecharam a zona de pontos. Leclerc de novo. Vai se consolidando como a revelação do ano, deixando o pessoal de Maranello feliz da vida. Aposta certa para um futuro não muito distante. Pontuou mais uma vez com a Sauber, numa prova de poucos abandonos — Hartley e Stroll num acidente na primeira volta e Alonso com problemas mecânicos no fim. Pontuar com a Sauber é sempre uma proeza.

Vale a pena falar da batida entre a Toro Rosso e a Williams no comecinho da prova? Bom, não mudou o preço do rublo, mas vale, sim, para marcar posição quanto à qualidade desses dois meninos. Stroll espremeu o pobre Hartley de um jeito criminoso. Mas acho mesmo que não viu o coitado, que por sua vez tentou enfiar o carro num lugar muito pouco propício a qualquer tentativa de ultrapassagem. Ou seja: ambos são ruins. Acho que o simpático neo-zelandês não chega ao final da temporada. Daqui a pouco Doktor Marko se enche dele.

Foi a 50ª vitória da carreira de Vettel, um pilotaço, tetracampeão mundial com lugar garantido no olimpo da categoria. São 11 pela Ferrari, onde amarrou seu burro em 2015.

Mas tem um dado curioso. No resumo do que foram esses 50 troféus, Seb ganhou 31 largando da pole, 14 saindo em segundo e cinco partindo da terceiro posição no grid. Quando largou de quarto para trás, nunca conseguiu vencer. O que isso significa? Que ele precisa de um carro que comece direito o fim de semana para terminar na ponta. É uma estatística bem interessante, que mostra como se classificar bem, em seu caso, é essencial para chegar na frente.

E agora vamos dormir, que já é tarde e lá fora os termômetros marcam 6°C. Bem menos que os agradáveis 20°C do domingo nublado de Montreal.



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