Max e as tirolesas: a cara do GP da Áustria, casa da Red Bull
MOSCOU (sempre dá tempo) – Pessoal, já expliquei várias vezes, mas não custa reforçar. Meus horários aqui em Moscou têm sido muito malucos e por isso algumas postagens às vezes atrasam, por outras aparecem antes do normal, no meio da madrugada, sei lá.
O “Sobre ontem…” do GP da Áustria, assim, está sendo escrito às 3h20 da manhã de terça aqui, ainda noite de segunda no Brasil. Se me permitem, farei algo um pouco mais telegráfico por uma razão bastante prosaica: preciso dormir!
Mas nem por isso este texto será menos denso de conteúdo, que é sempre surpreendente e necessário — rescaldo de corrida é o que rende mais assunto.
A imagem do fim de semana escolhida por este que vos bloga é essa aí do alto que me pareceu simpaticíssima. Se é verdade que não há mais meninas no grid sendo exibidas como pedaços de carne no açougue — ainda bem –, claro que elas continuam nos autódromos — ainda bem também. E continuam trabalhando em diversas funções e ações publicitárias, ajudando a dar um colorido especial ao evento. No caso, falo de cores literalmente: todas em trajes típicos do Tirol, mostrando bem a cara rural dessa corrida nos cafundós da Áustria, vencida por uma equipe local na pista de sua propriedade. Max curtiu, claro.
Agora, notinhas que não posso deixar de registrar antes de seguir com as mui conhecidas sub-seções fixas desta mega-seção fixa.
- Foi a primeira vitória da Red Bull correndo em casa. A equipe estreou na F-1 em 2005, quando a Áustria não fazia parte do calendário. Antes, o país sediara etapas do Mundial em 1964, de 1970 a 1987 e de 1997 a 2003. Comprado e reformado pela Red Bull, o circuito de Spielberg voltou apenas em 2014. Esta foi a quinta corrida no autódromo sob gestão rubro-taurina.
Na torcida: 18 mil holandeses
- Não por acaso, Dietrich Mateschitz, o dono da fabricante de energéticos, estava na pista domingo, sorrindo de orelha a orelha com a vitória de Verstappinho. Segundo os organizadores, o Red Bull Ring recebeu 180 mil pessoas nos três dias de evento, 40 mil a mais do que em 2017. Desses, 18 mil eram holandeses na tribuna especialmente reservada aos que vestiam laranja.
- Falando nisso, alguém além de mim reparou que Vettel chegou para a festa do pódio com uma latinha de Red Bull?
- Para fechar o capítulo relativo aos vencedores, saibam que Verstappen, com quatro vitórias, se iguala a Eddie Irvine e Bruce McLaren como o piloto que mais ganhou corridas sem nunca ter feito uma pole-position na vida. Claro que Max ainda tem bastante tempo para isso.
O NÚMERO DE SPIELBERG
…GPs seguidos nos pontos foi a sequência interrompida com a quebra da bomba de combustível de Lewis Hamilton. É um recorde. A última prova que o inglês havia abandonado fora na Malásia em outubro de 2016. Aliás, os dois “DNF” da Mercedes levaram a Ferrari à liderança do Mundial de Construtores com 247 pontos, dez à frente dos alemães. A plaquinha russa aí do lado é só frescura mesmo.
O GP da Áustria teve outros números interessantes, que poderiam ser escolhidos para ilustrar nossa algébrica sub-seção. Eu poderia falar, por exemplo, que apenas três carros terminaram a prova na mesma volta — Verstappen, Kimi e Vettel. O quarto colocado, Grosjean, chegou uma volta atrás. Mas por se tratar de circuito tão curtinho, não é nenhum grande absurdo.
Haas na veia: 22 pontos e Magnussen em sétimo
Poderíamos inclusive aprofundar a “numeralha” (gíria do jornalismo, vocábulo raramente encontrado em dicionários, antes que alguém venha dizer que não existe) relativa à Haas lembrando que com um quarto e um quinto, o time fez 22 pontos, batendo seu recorde para apenas uma corrida em menos de três anos completos de F-1. E justo em seu 50º GP, algo para comemorar. A equipe já tem 49 pontos nesta temporada. No ano passado inteiro, foram 47.
E Magnussen, com 37, está em sétimo no campeonato. Sim, Magnussen, quem diria, é o “primeiro dos outros” na classificação — descontando as duplas de Mercedes, Ferrari e Red Bull. Passou Alonso, que voltou aos pontos com um honroso oitavo lugar depois de largar dos boxes.
Aliás, o espanhol vai, de todo jeito, tentar esse duvidoso título de “primeiro dos outros”. É uma forma de dizer “me deem um carro que lhes darei glórias infinitas”. Se alguém ainda o escutar, claro.
Em Maranello, ninguém tinha muitos motivos para se queixar. O domingo poderia ter sido bem pior, se os dois carros da Mercedes não quebrassem. O normal seria chegar atrás. Os alemães em geral, por sua vez, tiveram uma semana daquelas. no esporte.
Poucos dias antes da decepção com os carros prateados na Áustria, a seleção de Joachim Löw levou um toco da Coreia do Sul na Copa da Rússia e voltou para casa de mãos abanando.
Eliminados na primeira fase, os atuais campeões mundiais foram vítimas de uma saraivada de críticas pelo péssimo futebol apresentado e colocaram o rabinho entre as pernas quando chegaram a Frankfurt. Pediram desculpas aos torcedores e prometeram se esforçar mais da próxima vez.
Claro que nosso cartunista oficial Maurício Falleiros notou o estado de espírito do povo tedesco após a semana de inferno astral… Vettel, claro, era o único satisfeito com tudo que aconteceu. Mesmo não tendo sido brilhante — ao contrário, foi um erro seu que resultou na punição que praticamente tirou suas chances de vitória –, salvou um terceiro lugar e voltou à liderança do campeonato.
Melhor que a encomenda. Como disse inclusive no vídeo de ontem, nada como umas quebrinhas para animar a festa.
Óbvio, no entanto, que nem todo mundo curte.
A FRASE AUSTRÍACA
Toto: decisões erradas e quebras inexplicáveis
“Para mim e para a equipe, hoje é o pior dia dos últimos seis anos. Perder uma dobradinha desse jeito, por nossos erros e por falta de confiabilidade, é algo que machuca muito.”
O dodói falando é Toto Wolff, chefão da Mercedes, que explicou ter deixado Hamilton na pista na hora do safety-car virtual porque queria esperar mais uma volta “para ver o que os outros iriam fazer”. Esqueceu de pedir para a direção de prova, que tirou os carros quebrados da pista rapidinho e deu a relargada quando os outros já tinham feito o que tinham de fazer.
E terminamos com nosso juízo simplório e reducionista do GP contido na quase sempre infundada “Gostamos & Não gostamos”, que tenciona nada mais nada menos do que esculhambar alguém por motivo algum e elogiar outro alguém por razões ainda mais irrelevantes.
Mas a gente adora. Só vou simplificar a diagramação porque esse negócio de ajeitar fotinho com número de linhas colocar negrito, itálico e setinhas está, realmente, me aborrecendo.
Leclerc & Ericsson: nos pontos
GOSTAMOS - de ver a <<< Sauber com seus dois meninos nos pontos, algo que não acontecia desde o GP da China de 2015, com Nasr em oitavo e Ericsson em décimo. Na Áustria, o sueco foi décimo também, e Leclerc ficou em nono.
Alonso: choro antes do tempo
NÃO GOSTAMOS – de ver Alonso >>> choramingando já nas primeiras voltas, jogando para a equipe a responsabilidade de fazer algo para que ele não se entediasse na corrida. OK, o carro é ruim. Mas ele mesmo vive dando lições de perseverança. Acabou em oitavo. Precisava reclamar tanto?
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