MOSCOU (se fosse um Lindt, talvez…) – Claro que não foi o episódio do chocolate que determinou a demissão de Éric Boullier, anunciada hoje pela McLaren. Mas também não há dúvidas sobre o que a História relatará num futuro remoto, porque a versão é sempre melhor que a realidade: o sujeito perdeu o cargo numa das maiores equipes da F-1 porque deu de recompensa para funcionários que ralaram feito loucos uns chocolates sórdidos e medíocres.
Boullier, na verdade, sai porque nada tem dado certo no time, e alguém tem de ser crucificado. Mas não foi culpa dele a assinatura do contrato com a Honda, que empacou a equipe por três anos. E também não é ele quem desenha os carros, nem o responsável pelas decisões estratégicas do grupo depois da saída de Ron Dennis.
Não estou aqui defendendo ninguém, por óbvio. Nem conheço Boullier e as boas referências que se tem dele remetem aos anos de Lotus preta, quando surgiu no mundinho da categoria como quadro emergente e promissor. Fato é que a McLaren, sim, está meio desorientada. Falei disso em vídeo recente no “GP às 10″. O comando ianque de Zack Brown parece um tanto… americano demais.
E essa percepção se reforça com a contratação de Gil de Ferran para o cargo. Brasileiro nascido na França, Gil fez a vida na América, como se diz. É um baita cara, sujeito sensacional de enorme competência e piloto com histórico fantástico. A proximidade que conquistou com Alonso no ano passado, escolhido que foi para ser tutor do espanhol em Indianápolis, foi decisiva para que se chegasse a seu nome para a função.
Talvez tenha sido o primeiro acerto real de Brown, ainda que pautado por sua “americanice”. Porque se Gil é americano automobilisticamente falando, carrega também vasta experiência dos anos que passou na Europa e conhece o melhor de cada um desses mundos do esporte a motor. Vai transformar a McLaren de novo numa equipe vencedora? Sozinho, claro que não. Mas que vai ajudar a colocar as coisas no lugar, vai. É o tipo de cara que já trabalhou diretamente com mecânicos, engenheiros, gente do chão de fábrica. Jamais daria a eles chocolates de prêmio.
E Alonso o ama.
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