Jaguar E-Pace mescla características de SUV e cupê e tem tudo para tirar do ‘irmão’ F-Pace o posto de modelo mais vendido da marca
Unir dinâmica equilibrada e prazer ao dirigir similares a modelos com centro de gravidade mais baixo nos SUVs parecia um desafio para os engenheiros décadas atrás. Hoje, há versões apimentadas dos utilitários esportivos que têm o mesmo nível de desempenho dos superesportivos. O E-Pace, novo SUV da Jaguar, ainda não recebeu preparação da divisão SVR da marca britânica. Ainda assim, ele tem no comportamento dinâmico seu maior trunfo.
O desenho do SUV pega emprestado traços de estilo do cupê F-Type na dianteira e do F-Pace, na traseira. De perfil, impressiona o aspecto musculoso gerado pela combinação entre linha de cintura alta, para-lamas demarcados e rodas de 20 polegadas.
Apesar de a marca dizer que o E-Pace é um compacto, o SUV deverá concorrer em preço e porte com os médios Audi Q5, BMW X3 e Volvo XC60 nas versões de topo, além de BMW X2 e Volvo XC40 entre as configurações mais baratas.
Ele chega inicialmente em quatro versões, com motor 2.0 turbo e duas faixas de potência (249 cv ou 300 cv) e câmbio automático de oito marchas. O motor menos potente está disponível nas versões E-Pace (R$ 222.300), R Dynamic S (R$ 246.750) e First Edition (R$ 275.900), esta última limitada a 45 unidades no primeiro ano de vendas. Já o de 300 cv é restrito ao R Dynamic SE (modelo das fotos), por R$ 278.080.
On e off-road
O novo E-Pace chama a atenção justamente pelo acerto dinâmico. Nosso contato com o SUV aconteceu no Autódromo Capuava, no interior de São Paulo, onde pudemos experimentá-lo em percursos on e off-road. Comecei a avaliação na terra com a versão de acesso P250, que já traz sistema de tração integral (AWD) de série. Os balanços (distância entre o centro da roda até o para-choque) dianteiro e traseiro bastante curtos ajudam nos bons ângulos de entrada e saída. Com isso, o E-Pace enfrentou obstáculos mais severos como caixas de ovos e rampas com inclinação acentuada sem raspar para-choques ou assoalho.
Além do controle de descida automático, comum nesse tipo de veículo, o E-Pace também conta com o mesmo assistente disponível em subidas íngremes. Entre 3 km/h e 30 km/h, o carro controla a quantidade de força necessária para subir rampas de forma automática.
Na hora do teste no asfalto, começo com o E-Pace de entrada. Ele traz motor 2.0 turbo de 249 cv de potência e 37,2 kgfm de torque. A cabine e a posição de dirigir são mais envolventes que no grandalhão F-Pace. Se por fora o visual mescla detalhes de diferentes modelos, o interior é claramente inspirado no F-Type.
Alavanca de câmbio, botões de comando do ar-condicionado e de seleção dos modos de condução são exatamente os mesmos do cupê. Até mesmo a alça longitudinal de apoio para o passageiro, que nasce no painel e termina no console, foi transplantada para o SUV.
O interior do E-Pace também supera o do F-Pace pela tecnologia: o quadro de instrumentos digital e a central multimídia com tela de 10 polegadas vêm de série desde a versão básica – no SUV maior, são equipamentos restritos às configurações de topo.
A dinâmica do E-Pace chama a atenção pelo equilíbrio. Mesmo com centro de gravidade elevado, há pouca rolagem da carroceria em curvas e desvios rápidos de trajetória. Andando próximo ao limite, o câmbio de oito marchas mostra-se um pouco lento nas trocas. A solução é optar pelas mudanças manuais por meio da alavanca ou aletas atrás do volante.
Depois de duas voltas com o P250, hora de assumir o volante do P300, que entrega 300 cv e 40,7 kgfm. Pelo acréscimo notável de 51 cv, confesso que esperava comportamento mais arisco na comparação com a variante mais simples.
Mas, com exceção da maior velocidade ao final da reta, as respostas ao pedal do acelerador não parecem tão diferentes em relação ao E-Pace menos potente. O que não é nenhum demérito, já que o novo Jaguar entrega conjunto divertidíssimo desde a base da gama.