DIVINÓPOLIS (sobreviverei) – Pessoal, ontem não falei nada sobre os primeiros treinos de Spa porque passei o dia em trânsito, depois tive febre, caí de cama, enfim… Nada grave, embora o padre para a Extrema Unção já estivesse encomendado, mesmo sendo eu um ateu convicto e praticante. Mas já estamos de pé. Vamos lá.
E foi demais a classificação na Bélgica, não? Chuvinha marota no final, pole de Hamilton mas, sobretudo, o sábado inacreditável da Force India… Num fim de semana em que o time viveu todas as incertezas possíveis sobre seu futuro, Ocon fica em terceiro e Pérez em quarto no grid. Incrível.
Incrível, também, a relação dessa equipe com Spa. Em 1998, ainda como Jordan, seu nome original, conseguiu a primeira vitória de sua história na pista belga. Com dobradinha, aliás: Damon Hill em primeiro e Ralf Schumacher em segundo, num domingo muito emocionante para todos que estavam no autódromo ou assistindo pela TV. E foi também na Bélgica, em 2009, que já como Force India a equipe conseguiu sua única pole, em 2009.
Foi bem bonito de ver, de verdade. Principalmente porque Ocon já sabe que será substituído por Stroll em breve. Talvez em Monza, se der tempo de fazer banco, cumprir os trâmites burocráticos, conhecer o engenheiro etc. Afinal, papai comprou a equipe, e se tem uma coisa que Lance realmente não quer mais é ficar se arrastando na Williams. Direito dele, não tem culpa de ter pai rico. Mas que é uma maldade, uma crueldade, uma injustiça tremenda com Ocon, é. A força da grana é uma merda.
Na primeira fila, à frente da dupla rosa, estarão Hamilton, em primeiro, e Vettel, em segundo. Lewis chegou a 78 poles na carreira. E disse que foi uma das mais difíceis de sua carreira. De fato, o Q3 foi tinhoso para todos. A classificação estava seca até ali, mas Spa é Spa e é desnecessário ficar falando que a chuva pode vir a qualquer momento e em qualquer pedaço do circuito etc. Quando começou o Q3 todos saíram correndo dos boxes porque a iminência de água era evidente — bastava olhar para o céu.
E não deu tempo de ninguém fazer volta no seco. No meio da volta de aquecimento de pneus, no caso os supermacios, a água veio. Bottas rodou no fim da volta. Todos recolheram para os boxes, colocaram intermediários e foram à luta. A primeira volta cronometrada foi de Riccardo, 2min04s986. Para se ter uma ideia de como a pista tinha ficado lenta, no Q2 Vettel virou 1min41s501, recorde do circuito, batendo inclusive o tempo de Neel Jani com o Porsche 919 do WEC sem amarras, lembram? Foi em abril que o suíço fechou uma volta em Spa em 1min41s770 com o monstrengo aposentado. Jani brincou pelo Tweeter: “Vamos ter de tirar o carro do museu de novo!”, escreveu.
Verstappinho fechou uma volta logo em seguida, mais de 2s mais rápido. Na sequência, veio Kimi. Estava claro. A chuva ia parar, ou diminuir. A pole ficaria com quem tivesse tido a sorte de colocar o carro na pista na hora exata. Vettel, por exemplo, baixou o tempo de Raikkonen em 1s483. E Hamilton, na sequência, foi 3s009 mais rápido!
Sebastian tentou mais uma volta e acabou ficando 0s726 atrás do inglês. Ocon, o terceiro, registrou um tempo 3s672 pior que o de Lewis. Certamente viraria mais rápido se tivesse a chance de abrir mais uma volta, mas Spa é um circuito muito longo e nem ele nem ninguém teve tempo de tentar. Grosjean foi o quinto, Raikkonen acabou em sexto, Verstappen ficou sem combustível e terminou em sétimo, seguido por Ricciardo, Magnussen e Bottas — este, punido, larga na última fila.
A chuva, como na Hungria, acabou ajudando Hamilton na classificação. A exemplo do que acontecera em Budapeste, também em Spa, na pista seca, os carros vermelhos vinham dominando as ações desde ontem. Hoje nos treinos livres, voltaram a andar na frente com uma boa diferença para os demais. No Q1 (que eliminou Sainz Jr., Alonso, Sirotkin, Stgroll e Vandoorne), Kimi foi o mais rápido. No Q2 (que degolou Gasly, Hartley, Leclerc, Ericsson e Hülkenberg), deu Vettel.
Mas Lewis não pode reclamar do clima, não. Quando as coisas estão difíceis para ele, a água chega para dar uma mãozinha. Foi o caso agora há pouco. Diferentemente da Hungria, porém, largar na pole não garante nada para Hamilton num traçado veloz e cheio de pontos de ultrapassagem como Spa. Se a corrida acontecer no seco, a Ferrari é favorita. Só que lá, sabe-se, meteorologista morre de fome. Melhor esperar para ver como vai nascer o dia.
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