Corcel, a virada da Ford

Modelo médio para a época fez a empresa norte-americana crescer no segmento de carros de passeio

Primeira fabricante de veículos a se instalar no Brasil, a Ford Motor Company iniciou as atividades em 1919. Importou veículos até 1921, quando as instalações projetadas para montar carros e caminhões na Rua Solon, bairro do Bom Retiro/SP ficaram prontas. Desta linha de montagem saiam o Modelo T e o caminhão Modelo TT. Foram várias as mudanças de endereços até que, em 1957, a unidade produtiva localizada no bairro do Ipiranga passou a produzir o caminhão F-600, com motor V-8 a gasolina.

O primeiro carro de passeio fabricado pela empresa norte-americana em terras brasileiras foi Galaxie 500 em abril de 1967. No mesmo ano adquiriu a Willys-Overland do Brasil. Junto com ela veio a fábrica de São Bernardo do Campo e um projeto de carro médio para a época, o projeto “M”, o qual era desenvolvido com a Renault.

A Ford aperfeiçoou, ajustou suspensões e conjunto motriz para atender as necessidades brasileiras e o transformou no Corcel que chegou ao mercado em 1969 na versão sedã quatro-portas e depois cupé.

Com motor 1.3 de quatro cilindros, comando de válvulas no bloco, cinco mancais de apoio do virabrequim e câmbio de quatro marchas, entregava potência de 68 cv e torque de 10,4 kgfm. Seu visual foi marcado pelas linhas retas, faróis circulares, grades cromadas e lanternas traseiras afinadas. As rodas aro 13 chamavam atenção por serem fixadas por apenas três parafusos e a tampa do motor abria para frente

O carro foi bem aceito no mercado brasileiro, e a Ford lançou o esportivo GT, que chegava a 80 cv com carburador de corpo duplo e coletores de maior fluxo. Para reforçar o visual, teto revestido de vinil, rodas esportivas, faixas pretas no capô e laterais, faróis circulares de longo alcance presos ao para-choque, pneus radiais e no interior, mostradores no console.

Em 1973 uma mudança visual, a frente foi redesenhada, os faróis passaram a ser acomodados em uma caixa quadrada e as lanternas traseiras cresceram. Ele recebeu o motor 1.4 8V de 85 cv, o mesmo adotado no GT em 1972. A Ford manteve em linha o Corcel até 1986, porém no final de 1977, passou a ser fabricado em outra arquitetura, com carroceria nova, motor e câmbio diferente. Esta fase deixamos para futuras matérias.

O modelo utilizado nesta reportagem é um Corcel 1974, o qual preserva a originalidade, já que possui placa preta. Ele pertence a Abel Almeida da Silva. Natural de Alagoas mora no bairro de Cidade Dutra/SP. Por motivos sentimentais, adquiriu o carro este ano no encontro de veículos antigos que acontece em Águas de Lindoia/SP. “Eu fui proprietário de um Corcel 74 quando o carro foi lançado. Nas férias, eu e a família íamos e voltávamos de Alagoas, o carro não apresentava problemas. Era muito gostoso dirigir”, declara com um sorriso no rosto. 

Para conseguir a placa preta, o veículo antigo necessita ter um mínimo de 70% a 80% das suas características originais. O carro do ‘seu Abel’, como é conhecido no bairro atende estes requisitos, mas falta algo. “Preciso encontrar o rádio original, aí ele vai ficar perfeito”, complementa o feliz proprietário de um carro que entrou para a história da indústria nacional de automóveis.

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