RIO (sempre chega) – A semana foi conturbada e cheia de imprevistos, daí a demora do nosso rescaldão de Suzuka. Que, na prática, não traz muitas novidades. O pós-corrida, em que pese o incidente entre Vettel e Verstappen, foi dos mais tranquilos. A Ferrari meio que jogando a toalha, Hamilton elogiando o rival e pedindo “respeito” a ele, clima de fim de festa. Mas temos de cumprir nossas obrigações, não? Então começamos com a imagem do fim de semana, que mostra bem o que tem sido esta temporada para Vettel, especialmente depois do GP da Alemanha: uma sequência de erros que só ajudam a acabar com o campeonato antes do tempo.
Vettel na grama: missão impossível, por conta de seus erros e da superioridade da Mercedes e de Hamilton
Ah, Ferrari… E ainda tem suspeita de que o time estava usando sensores marotos na bateria, assunto sobre o qual, confesso, não me debrucei com a devida atenção. E que a FIA descobriu, pediu explicações, e seriam esses sensores os responsáveis pelo bom momento que o time viveu ali pela altura do GP da Bélgica, o último vencido por Sebastian.
Mas, sinceramente, não creio num efeito tão devastador dessas coisas. Prefiro a versão de que a Mercedes, sim, foi atrás daquilo que era preciso para resolver alguns pequenos problemas ligados à boa gestão das temperaturas nos pneus. E, aparentemente, conseguiu encontrar suas soluções.
No fim das contas, a única novidade da Ferrari em Suzuka foi o uso da marca “Mission Win Now”, uma espécie de campanha da Philip Morris que até agora não entendi direito — ninguém entendeu. Basta entrar no site cujo endereço está pintado na asa traseira dos carros vermelhos para entender menos ainda. Um troço meio esquisito sobre desenvolver novas tecnologias para pessoas que fumam, algo assim. Leiam o que diz o site na aba “nossa promessa”, usando fielmente o “Google Translator”:
Nenhuma marca. Nenhum produto. Esta é a nossa promessa para você. A missão Winnow é sobre a penetração implacável e passional de fatos e preconceitos em busca da excelência. É sobre quem somos como empresa e sobre como trabalhamos para conduzir um futuro melhor. Nós nunca iremos promover nossas marcas ou nossos produtos aqui, apenas nossa paixão. Nossa missão de impulsionar um futuro melhor. Junte-se a nós no Mission Winnow.
Se alguém conseguiu decifrar o que a Philip Morris quis dizer com isso, agradecemos. Prefiro fica com a leitura do Maurício Falleiros, nosso genial cartunista. Ela me parece mais próxima da realidade.
Cigarros à parte, o fumo que a Ferrari vem levando nesta temporada nas últimas corridas chega a ser surpreendente. De novo o campeonato começa equilibrado, mas em algum momento a maionese vermelha desanda.
No ano passado, foi a partir de Singapura. Agora, mais cedo — insisto em colocar a prova de Hockenheim como marco zero do início da derrocada de Vettel. Junte-se a isso o momento encantado pelo qual passa Hamilton, e chega-se a uma conclusão óbvia: para derrotar esse conjunto equipe-carro-piloto, não é permitido errar.
O NÚMERO DE SUZUKA
Hoje vamos fazer diferente e chupar descaradamente a estatística que a FIA mandou por press-release, inclusive usando a arte que eles mandaram sobre este número curioso: Fernando Alonso chegou a 16.651 voltas completadas na F-1, superando Rubens Barrichello e se tornando o segundo piloto nessa estatística, atrás apenas de Michael Schumacher. Com mais 175 voltas, Alonso passa o alemão. Para isso, precisa completar os GPs dos EUA e do México e mais 48 voltas em Interlagos. É provável que consiga.
Como ninguém cuspiu marimbondo nas pequenas refregas da corrida japonesa, restou recorrer à banalidade dos elogios fáceis do vencedor para escolher…
A FRASE JAPONESA
Hamilton: tudo perfeito
“A harmonia que temos aqui, a excelência de cada um que trabalha nas nossas fábricas e na pista faz desta equipe a melhor em que já estive na minha vida.”
Lewis Hamilton, que chegou a 71 vitórias na carreira, 50 pela Mercedes. Ele é o segundo piloto com maior número de vitórias por uma mesma equipe. Schumacher, que venceu 72 vezes com a Ferrari, detém a primazia nessa estatística.
E para terminar, nosso glorioso “Gostamos & Não gostamos” para passar a régua neste que foi um dos menos interessantes GPs do Japão dos últimos anos, ainda que tenha sido elogiado por alguns pelo grande número de ultrapassagens — quase todas irrelevantes.
Ricciardo: dignidade ao volante
GOSTAMOS – Da atuação de Daniel Ricciardo >>>, saindo de 15º no grid depois de outro problema em classificação e levando o carro da Red Bull à quarta colocação. O australiano está divorciado da equipe, mas ainda morando na mesma casa — situação horrível, sempre. Mal falam com ele, não participar de reuniões técnicas, está apenas esperando a temporada acabar. Mas faz seu trabalho com dignidade, algo que o time não tem feito com ele.
Toro Rosso: decepção em casa
NÃO GOSTAMOS – Do resultado da Toro Rosso, que se classificou muito bem no grid com <<< Hartley e Gasly em sexto e sétimo e terminou apenas em 11º com o francês e 13º com o neo-zelandês. A equipe errou na estratégia, demorou demais para trocar os pneus de seus pilotos e, no fim, a expectativa por um domingo feliz para a Honda foi frustrado diante do público japonês. Uma enorme decepção, justo na pista que pertence à montadora.
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