Únicos representantes entre os SUVs médios com motor diesel abaixo de R$ 200 mil, Jeep Compass e SsangYong Korando fazem duelo 4x4
Texto: Gustavo de Sá
Fotos: Renan Senra
Longa autonomia e torque abundante são dois benefícios dos motores diesel, permitidos no Brasil somente em veículos pesados, picapes com carga útil superior a uma tonelada e utilitários com tração 4×4 e reduzida. Desta forma, poucos SUVs abaixo da casa dos R$ 200 mil dispõem desse tipo de motorização. Neste comparativo, alinhamos o Jeep Compass, SUV mais vendido do Brasil em 2018, ao único concorrente direto com o mesmo tipo de motorização: o SsangYong Korando. Será que o coreano tem força para encarar o líder?
O Korando retornou em 2017 ao Brasil com novo visual e mecânica atualizada. Lançada por aqui em 2011, a atual geração do SUV médio foi reestilizada pela segunda vez e agora traz faróis com recortes mais retos e grade com dois frisos cromados. Lateral e traseira mantiveram os traços arredondados que lembram o já descontinuado Chevrolet Captiva.
Produzido em Goiana (PE), o Compass está na segunda geração (a primeira de fabricação nacional), que estreou em 2016. O modelo da Jeep aposta em traços mais retilíneos e materiais cromados, como as fendas da grade dianteira e o friso dos vidros laterais e traseiro. Nas versões com motor diesel, ele traz para-choque dianteiro que proporciona maior ângulo de ataque.
Jeep Compass e SsangYong Korando equivalem-se em comprimento (4.416 mm x 4.410 mm, na ordem) e largura (1.819 mm x 1.830 mm), mas o SUV nacional fica atrás do coreano em altura (1.638 mm x 1.710 mm) e na distância entre-eixos (2.636 mm x 2.650 mm).
Para este comparativo, consideramos as versões dos utilitários esportivos que competem em preço: DLX (R$ 149.990), do Korando, e Longitude Diesel (R$ 152.990), do Compass. Vale ressaltar que a versão fotografada é a topo de linha do Jeep, Limited (R$ 172.190), pois a fabricante não dispunha do veículo considerado na data do ensaio fotográfico. Entretanto, toda avaliação do teste e notas finais baseiam-se nas citadas versões DLX e Longitude.
Ambos vêm de série com equipamentos esperados para a faixa de preço, como ar-condicionado digital automático (de duas zonas no Compass), botão de partida, chave presencial, rodas de liga leve de 18 polegadas, central multimídia com tela tátil, câmera de ré, volante multifuncional em couro, iluminação frontal e traseira de neblina e luzes diurnas (em LED no Korando).
Nos dois SUVs, são apenas dois airbags (obrigatórios por lei) de série – ao menos o Compass oferece opcionalmente os laterais de tórax, de cortina e de joelho para o motorista em um pacote opcional por R$ 3.900 extras.
Exclusivos do Korando são o GPS integrado à tela multimídia (da marca Pioneer, com aparência de acessório aftermarket) e o banco traseiro reclinável. Já o Jeep é o único a oferecer controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampas, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, quadro de instrumentos com tela digital de 7 polegadas, bancos em couro, assistente de descida, freio de estacionamento elétrico e sensores de estacionamento na traseira.
O espaço interno é bom em ambos, embora a acomodação do quinto ocupante seja ligeiramente melhor no Korando graças ao piso traseiro plano. O coreano também leva vantagem no porta-malas, com 486 litros de volume, ante 410 l do rival. Ponto positivo da cabine do SsangYong é a iluminação, com luzes de leitura nas partes dianteira, central e traseira do forro do teto. O Compass, por sua vez, oferece porta-objetos sob o assento do passageiro e saídas de ar-condicionado para o banco traseiro.
Mecânica robusta
Se no passado os SsangYong compartilhavam conjuntos mecânicos com a Mercedes-Benz, agora a marca aplica nos modelos componentes de desenvolvimento próprio. O Korando traz sob o capô motor 2.2 turbodiesel com 178 cv a 4.000 rpm e 41 kgfm de torque entre 1.400 e 2.800 rpm. A tração é do tipo 4WD (integral sob demanda), com possibilidade de bloqueio do diferencial central para tração 50/50 entre os eixos dianteiro e traseiro. O câmbio é automático de seis marchas e conta com programações voltadas à economia de combustível, esportividade e pisos de baixo atrito (prioriza saída em segunda marcha).
O Compass traz o mesmo 2.0 turbodiesel de Renegade e Fiat Toro, com 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 kgfm a 1.750 rpm. A tração é 4x4 (com reduzida) e conta com quatro modos de adaptação para terrenos: auto (o carro define o melhor parâmetro), neve, areia e lama. A caixa é automática de nove marchas, onde a primeira funciona como reduzida – no uso diário, a saída é sempre em segunda.
O Korando não passa ao motorista a sensação de veículo com centro de gravidade elevado. O modelo tem direção com assistência elétrica bastante leve e a suspensão garante bom comportamento em curvas, sem comprometer o conforto na hora de filtrar as irregularidades do asfalto. A tela do computador de bordo indica o ângulo de esterçamento do volante, ferramenta que auxilia o motorista em percursos fora-de-estrada.
Com dirigibilidade mais próxima a de um automóvel, o Compass apresenta pouca rolagem da carroceria em curvas e bom trabalho na hora de transpor trechos acidentados. Nas versões avaliadas, ambos contam com a mesma medida de pneus (225/55R18) e banda de rodagem com desenho voltado para asfalto.
O motor do Korando entrega torque máximo a baixas 1.400 rpm, garantindo força instantânea nas retomadas de velocidade. Na pista, o coreano garantiu a boa marca de 9s4 ao retomar de 60 a 120 km/h – o Compass demorou 3s1 a mais na mesma prova. Na aceleração de zero a 100 km/h, o SsangYong também pulou na frente, com 9s2 ante 11s6.
Na hora de parar, o Jeep deu o troco no rival, com 41,6 metros percorridos ao estancar completamente vindo a 100 km/h – o Korando freou 0,8 metro depois. O Jeep também resistiu melhor ao superaquecimento após 10 frenagens consecutivas com lastro de 200 kg no porta-malas, garantindo o menor intervalo entre a melhor e a pior marca.
Em consumo urbano, o Korando levou ligeira vantagem, com a marca de 9,7 km/l, enquanto o Compass marcou 9,4 km/l. Porém, o motor de menor cilindrada do Jeep garantiu a ele melhor eficiência na estrada, com 14,5 km/l de média – contra 13,1 km/l do oponente. Mesmo com três marchas a menos, o Korando gira a baixas 2.000 rpm a 120 km/h, enquanto o Compass roda a 2.500 rpm na mesma velocidade. Em ambos, os tanques de combustível com mais de 55 litros de capacidade garantem autonomia extensa – superior a 700 km no Jeep.
Na soma das análises técnica e de mercado (273 x 261,5 pontos), o Compass Longitude levanta a taça e vence a disputa contra seu único rival direto com motor diesel. O Korando DLX entrega ótimo desempenho em acelerações e retomadas, mas deve melhores acabamento e nível de equipamentos para o segmento onde está posicionado. Com preço de tabela apenas 2% maior, o Compass entrega melhor custo-benefício graças a sua recheada lista de itens de série e mostra porque tornou-se o líder isolado entre os SUVs no Brasil.
> Confira a tabela com os números de teste e notas finais com comparativo:
> Galeria de fotos: