RIO (saudades da terrinha) – Hoje o quarto título mundial de Alain Prost fez 25 anos. Dele me lembro bem, pois estava no Estoril naquele 26 de setembro de 1993 e a F-1 não falava de outra coisa que não fosse o iminente anúncio da chegada de Ayrton Senna à Williams para seu lugar. O tetra nem comoveu muita gente, pois era questão de tempo. Campeã em 1992 com Nigel Mansell, a Williams era barbada para a temporada seguinte, ainda mais com alguém como Prost ao volante. Seu companheiro de equipe era o opaco Damon Hill, e Senna, seu maior rival, não tinha carro para brigar seriamente pelo campeonato — embora tenha vencido cinco GPs, numa temporada que, para muitos, foi a melhor de sua carreira em termos de pilotagem.
Fui dar uma olhada na minha cobertura daquela corrida pela “Folha”. O tom era esse mesmo: quando Senna será anunciado pela Williams? Mas é claro que o Professor, como Prost era chamado, mereceu muito destaque. Num texto publicado em itálico, que na época indicava que seu conteúdo era opinativo, não noticioso, chamei o francês de anti-herói e relatei até detalhes sobre seu jantar na véspera num restaurante de Cascais onde eu, por coincidência, também fui alimentar a alma — em Portugal se come tão bem que é como me sinto quando estou à mesa na terrinha.
Schumacher ganhou aquela corrida, sua segunda vitória na F-1. Outro que se destacou foi Mika Hakkinen, que assumiu o carro da McLaren no lugar de Michael Andretti e se classificou na frente de Ayrton no grid. Mas acabou batendo. Senna quebrou. Prost fechou a conta com um segundo lugar clássico: sem arriscar muita coisa contra um jovem alemão que, segundo ele, se defendia “de modo muito agressivo”.
Amanhã, no “GP às 10″, falo um pouco desse fim de semana e dos dias seguintes, em que fiquei no Estoril para cobrir os testes que várias equipes fizeram na pista portuguesa. Isso porque tinha agendada uma exclusiva com Senna, na qual ele falou sobre um certo plano secreto para o futuro que eu só fui saber qual era anos depois, quando Jean Todt contou que já tinha acertado com o brasileiro para que ele corresse na Ferrari depois de dois anos na Williams — ele queria igualar Fangio, para só então realizar o sonho de vestir o vermelho de Maranello; o acidente de Imola no ano seguinte não permitiu nem uma coisa nem outra.
Foram dias curiosos. Mesmo já oficialmente desligado da McLaren, Senna foi escalado para testar um carro todo branco com motor Lamborghini que nunca seria usado pelo time — a Peugeot foi sua fornecedora em 1994. E testou. Também naquela sessão de treinos Gil de Ferran teria uma chance com a Footwork, mas acabou dando uma cabeçada na porta de um caminhão da equipe, perdendo a oportunidade de mostrar o que tinha a oferecer.
Loucos, os anos 90.
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