Quando a GM decidiu renovar toda sua gama de produtos no Brasil no intervalo de praticamente um ano, em 2012, sabia que quatro anos depois, em 2016, teria que repetir a maratona de lançamentos. Foram seis, em sete meses. Estreiam agora, de uma só vez, Onix e Prisma 2017 com duplo desafio: aperfeiçoar o visual e, ao mesmo tempo, atender as normas obrigatórias de eficiência energética de outubro próximo.
A renovação de estilo do Onix, atual líder de vendas do mercado, apesar de não acentuada, é fácil de reconhecer em razão de mudanças no capô, grade, para-choque e faróis. Um par de lanternas dianteiras no formato de fileira de LEDs pode até ser confundido com um farol DRL verdadeiro. No caso, se trata apenas de “assinatura visual” e, pela nova lei, obrigará o motorista a ligar os faróis baixos convencionais. Caberá às concessionárias explicar aos compradores, para evitar multas.
Quanto ao Prisma, além das mudanças na parte dianteira, recebeu novas lanternas traseiras e um discreto defletor na tampa do porta-malas. Foi uma solução de compromisso, pois sedãs compactos costumam dar mais trabalho aos desenhistas pelo desbalanceamento de volumes entre frente e traseira. Ajudou no equilíbrio de linhas e dinâmico do Onix/Prisma a diminuição de 1 cm na altura total por meio de mudanças nas suspensões. Isso é muito raro de acontecer em modelos produzidos para o país dos quebra-molas ou lombadas. A maioria dos carros fica mais alta aqui do que no exterior.
Porém, como esperado, a marca Chevrolet também embarcou na onda “aventureira” dos hatches compactos e apresentou o Onix Activ. A fórmula é a de sempre: altura de rodagem (3 cm maior, incluindo suspensões e pneus), acabamento diferenciado, barras de teto e mais equipamentos. Esta versão ainda não tem preço anunciado. O Onix começa em R$ 44.890 com motor de 1 litro e vai a R$ 59.790, de 1,4 L; Prisma entre R$ 53.690 e 64.690, de 1,4 L. A empresa ainda não divulgou também o preço do sedã com motor de 1 L. O sistema OnStar oferece mais um pacote de serviços. Há, também, monitoramento de pressão de pneus.
A GM surpreendeu os competidores ao diminuir o consumo de combustível, obrigatório no programa Inovar-Auto, sem lançar nova família de motores. Avaliou o automóvel como um todo. Começou pela fórmula tradicional de pneus verdes e direção eletroassistida. Diminui o peso total do Onix em 32 kg e do Prisma em 34 kg, o que seria, mais ou menos, o ganho de massa se utilizasse um propulsor de três cilindros. Manteve os quatro cilindros e fez vários aperfeiçoamentos internos. Adotou câmbio de seis marchas, tanto manual (agora) quanto automático (já existente e reprogramado para menor consumo), além de ajudar na diminuição de rotações e nível de ruído a bordo.
Os modelos Chevrolet foram os últimos a aderir ao Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). Neste período a engenharia estudou o ciclo de medição de consumo em laboratório e concluiu que estava apta a atender ao prazo fatal, com nota A no segmento, a preço conveniente. No entanto, não vai “escapar”, adiante, do motor de três cilindros já existente na Europa, quando se anunciar a segunda rodada do PBEV, a partir de 2018.
RODA VIVA
HONDA mudou de estratégia em relação à décima geração do Civic (quinta, no Brasil). Manteve o motor flex de 2 litros em três versões tradicionais. Lança uma quarta versão, Touring, para concorrer com modelos mais caros das marcas alemãs. O motor de 1,5 litro turbo, injeção direta, 175 cv e 22,4 kgfm, inicialmente apenas a gasolina, será flex quando nacionalizado.
PRIMEIRAS unidades chegam ao mercado no final de agosto. O Civic cresceu em dimensões internas e ganhou espaço no banco traseiro. Ficou mais baixo e aerodinâmico sem afetar o conforto dos ocupantes. O motorista tem melhor visibilidade e resposta mais direta da direção. Câmbio automático CVT, de sete marchas virtuais, tem trocas até aceitáveis.
PREÇOS do novo Civic subiram bastante. Começam em R$ 87.900 e vão a R$ 124.900. Provavelmente, a Honda decidiu segurar a demanda inicial via preço até o mercado voltar a crescer e permitir abrir a segunda fábrica, que está pronta. Como a situação pode perdurar mais um ano, o preço ficaria “congelado” e a inflação afetaria os concorrentes.
OUTRO modelo que recebeu impacto da desvalorização cambial e do imposto adicional de importação dos EUA é a nova geração do SUV médio-grande Ford Edge. O preço da versão única alcança R$ 229.900. Tem tração 4x4 e pacote tecnológico que inclui controle de cruzeiro adaptativo, câmara frontal de visão 180° e cintos de segurança infláveis no banco traseiro.
ESTUDOS feitos na Alemanha indicam que uso de cintos de segurança traseiros por crianças pode diminuir em mais de 50% lesões graves e/ou fatais em acidentes. Mesmo que os cintos, projetados para adultos, não sejam adequados para crianças, melhor ter essa proteção mínima do que nenhuma. Certo é seguir a legislação pela idade da criança.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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