Tag Archives: Alta Roda

Jogo está dado [Alta Roda]

Espera foi bem longa – nada menos de 26 meses ininterruptos – para finalmente o mercado brasileiro alcançar um número positivo na comparação mensal com o mesmo mês do ano anterior. Isso aconteceu agora em março. As 183.850 unidades de au…

Carona terá sua vez [Alta Roda]

Mobilidade é um tema quase onipresente nos debates sobre presente e futuro das cidades depois que o mundo acelerou a migração do campo para as megaconcentrações urbanas e seu entorno. Entre as diversas facetas discutidas, pelo menos duas têm …

Semana japonesa [Alta Roda]

Fabricantes até tentam evitar lançamentos muito próximos aos dos concorrentes para não dividir a atenção dos consumidores e da mídia, mas com tantas novidades, nem sempre é possível. Às vezes a coincidência é proposital para embaçar a…

Salão dos sonhos [Alta Roda]

Uma das melhores edições nos últimos anos do Salão do Automóvel de Genebra cerra suas portas no próximo domingo com um legado de tirar o fôlego. Foram tantas novidades, carros-conceito e de sonhos, revelação de tendências e veículos esp…

Abre-te, Sésamo [Alta Roda]

Comando por voz chegou ao automóvel de forma meio capenga. A novidade era interessante porque proporcionava uma forma mais natural de acessar funções, sem provocar distrações, desviar os olhos do caminho à frente e, portanto, com potencialidad…

Um quadro de gigantes [Alta Roda]

Entre os grandes desafios da indústria automobilística mundial está a tendência de consolidação. Em outras palavras, fusões, aquisições, alianças e acordos para tornar o negócio sustentável a longo prazo. Essa coluna comentou, em mais d…

Aposta dupla [Alta Roda]

A suvinização, neologismo para a crescente aceitação de modelos do tipo SUV ou mesmo de crossovers inspirados neles, continua sacudindo o mercado brasileiro. De pouco adianta argumentar que são veículos pesados, gastam mais combustível, têm menor desempenho e centro de gravidade desfavorável. As projeções, no entanto, apontam crescimento, nos próximos três anos, de 15% para 20% na preferência do consumidor. E o fenômeno se repete até na Europa, onde alcançaram 25% das vendas totais.

Renault resolveu apostar duplamente nesse segmento: primeiro com o Duster, de desenho mais rústico, e agora com o Captur, ambos partilhando a plataforma mecânica. O segundo foi desenvolvido no Brasil e seu estilo vai inspirar a atualização de meia geração do homônimo francês (menor e derivado do Clio IV) já nesse ano. O Captur tem linhas suaves, atuais e dispensou o indefectível rack de teto. Há luzes diurnas em LED. A pintura em duas tonalidades, opcional de R$ 1.400, é uma aposta do fabricante, que prevê procura superior a 80%.

Certas características do novo modelo – vão livre, 21 cm; ângulos de entrada e saída, 23° e 31°, respectivamente – sugerem um visual para agradar quem aprecia posição elevada ao volante. O interior tem projeto atualizado, plásticos bons só na versão de topo Intense e novo quadro de instrumentos (velocímetro digital). Mas o volante só dispõe de regulagem de altura e continua a cair pesadamente ao ser destravado. Alguns botões no assoalho são de acesso e visualização ruins. Porta-malas de 437 litros está entre os melhores do segmento (Duster, 475 litros, mas acesso é menos fácil).
A versão de entrada Zen (R$ 78.990) recebeu o novo motor SCe de 1,6 L/120 cv (etanol), com 2 cv a mais do que outros Renault. Câmbio automático do tipo CVT será opcional daqui a três meses. Com câmbio manual de cinco marchas tem desempenho aceitável, porém menos ágil que o Duster, 60 kg mais leve. Essa diferença é perceptível tanto em cidade quanto em estrada, apesar de o fabricante ter tentado compensar com relação de quinta marcha mais curta. Internamente é espaçoso graças à distância entre eixos de 2,67 m.
A versão mais cara (R$ 88.490) oferece para os novos bancos mais anatômicos um revestimento parcial em couro. São pormenores desse tipo que ajudam a mantê-lo acessível, nem sempre fácil de perceber. Pelo menos oferece rodas de liga leve de 17 pol. que ajudam o compor bem o seu perfil. Dispõe do motor de 2 L/148 cv (etanol) e apenas câmbio automático convencional de quatro marchas. Mesmo sendo um projeto antigo, houve nítida evolução tanto em uso normal, quanto no modo de seleção manual. O conjunto motriz, de fato, não é o melhor do segmento, sem chegar a decepcionar.
SUV de linhas atraentes a preço competitivo, o Captur deve conquistar espaço logo que disponibilizar todas as opções. Terá de enfrentar, pelo menos, seis rivais diretos: Hyundai Creta, Suzuki Vitara, Jeep Renegade, Honda HR-V, Nissan Kicks e Chevrolet Tracker, entre outros. O Jeep Compass, de entrada, seria o sétimo competidor pelo critério puramente monetário. E ainda sem contar o novo EcoSport, que promete endurecer o jogo, a partir de junho próximo.
RODA VIVA

POR APENAS 25.000 unidades o Brasil não caiu para décima colocação no ranking mundial de vendas de automóveis e comerciais leves. Ficou em nono, em 2016, com o Canadá logo atrás. Se acrescentados caminhões e ônibus, a classificação sobe para oitavo. Ainda assim distante da quarta colocação que já ocupou antes da atual crise iniciada em 2013.

RENOVAÇÃO estilística da segunda geração do Porsche Panamera chega ao Brasil, pouco mais de 6 meses depois da Europa. Inspiração no 911 é clara, enquanto o interior agora passa uma sensação melhor de acomodação para os quatro passageiros do sedã-cupê de quatro portas. As três versões têm tração 4×4 e preços básicos vão de R$ 758.000 (V-6) a 981.000 (V-8).
SOLUÇÃO mecânica interessante do Panamera é a modularidade dos motores V-8 (4 litros) e V-6 (2,9 litros), ambos com diâmetro e curso iguais e turbocompressor. V-8 entrega 550 cv e 78,5 kgfm. Ignora as quase 2 t de peso para acelerar de 0 a 100 km/h em 3,6 s. Câmbio automatizado de oito marchas também está no V-6 (440 cv/56,1 kgfm) e 0 a 100 km/h em 4,2 s.
HYUNDAI CRETA, na versão de topo Prestige 2 L/166 cv (etanol), deixa boas impressões quanto à dirigibilidade, espaço interno e bom porta-malas de 431 litros. Banco do motorista tem providencial ventilação no assento para dias de calor. Consumo, principalmente em cidade, é alto. Pacote de segurança inclui controle de estabilidade (ESC) e bolsas de ar laterais.
APLICATIVO para telefones, de início Android e depois iOS, facilita avaliação de carro usado no ato da compra. Com sugestivo nome Auto Vistoria Evita Mico, permite identificar sinais de adulteração. Gratuito para avaliação interna e externa do veículo; R$ 59,00 para cruzar seu histórico e analisar ruído de motor (usando microfone do aparelho).
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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Inspeção ambiental volta à pauta [Alta Roda]

Passou algo despercebido, em 2016, o aniversário de 30 anos do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores). Como a indústria instalada no País completou 60 anos também em 2016, significa que metade de sua trajetória histórica foi regida por regulamentações que, se não estão entre as mais rigorosas do mundo, pelo menos ajudaram a mitigar as chamadas emissões reguladas de três gases: monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos.
No caso de motores de ciclo Otto o controle pôde ser feito com relativa facilidade por meio de gerenciamento eletrônico de injeção e ignição, além de um dispositivo muito eficiente, o catalisador de três vias, que recebe este nome por atuar sobre aqueles gases. Quando a peça atinge a temperatura de trabalho – hoje de forma muito mais rápida – e uma eficiência de conversão de 98%, os subprodutos no escapamento são nitrogênio e vapor d’água.
Um dos acertos do Proconve foi trabalhar com fases e prazos a exemplo do exterior. Isso atraiu fabricantes de catalisadores para o Brasil. Primeiramente a Umicore, que completou 25 anos, e depois a BASF. Stephan Blumrich, presidente da primeira, afirmou com exclusividade à Coluna:

“Devemos continuar, como o resto do mundo faz, a buscar emissões menores do que hoje é permitido. O legislador deve atuar em harmonia com a indústria quanto a metas e o tempo necessário para alcançá-las. O catalisador faz a sua parte e pode durar o mesmo que um motor, se a manutenção deste for feita de acordo com as normas do fabricante. Funciona de modo simples por meio de reações químicas. Além disso, ao fim da vida útil pode ser reciclado e seus metais nobres, recuperados. A saúde da população é preservada, mas com o aumento da frota circulante e condições de tráfego mais difíceis há necessidade não apenas de avançar nas regulamentações, mas também ter um controle sobre a efetiva manutenção dos veículos por meio de inspeções”.
O fato é que não se vislumbram ainda os próximos passos do Proconve. Ministério do Meio Ambiente e Ibama deveriam ter avançado nas propostas, mas parece haver certa letargia em parte pela situação política e econômica do País. Nesse cenário o governo de São Paulo resolveu, depois de 20 anos de indefinições, propor a continuidade na legislação e, pela primeira vez, iniciar um programa estadual de inspeção veicular.
De fato, um esforço isolado da cidade de São Paulo deixa de trazer benefícios maiores porque a poluição se estende por toda a região metropolitana e começa a preocupar também em concentrações urbanas do interior. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente anunciou na semana passada que em 2018 todos os veículos a diesel, leves e pesados, começarão a ser inspecionados.
Segundo o secretário, Ricardo Salles, as 46 agências regionais da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) se encarregarão do programa. É imprudente achar que uma companhia com várias atribuições e em momento de finanças tão apertadas possa coordenar e executar inspeções. Isso não deu certo no Estado do Rio de Janeiro e nem no exterior. A fórmula com menos possibilidade de erros é boa regulamentação e licitação dos serviços entre empresas especializadas.
RODA VIVA

APESAR de muito se falar sobre alternativas de mobilidade no mundo, as vendas de automóveis e comerciais leves continuam em ascensão. Segundo a consultoria inglesa Jato, 84,24 milhões de unidades ganharam as ruas em 54 principais países pesquisados no ano passado. Crescimento de 5,6% sobre 2015. Nada indica que esse ritmo diminua em 2017.
EMISSÕES de novas carteiras nacionais de habilitação (CNH) caíram 13% em 2015 e também em 2016. Leitura mais apressada pode concluir que há menos interesse em comprar carros. Mas, na realidade, comparada à queda de cerca de 50% do mercado brasileiro no mesmo período, o percentual acumulado menor de CNH emitidas indica justamente o contrário.

SANDERO surpreende em desenvoltura graças ao novo motor 1,6-L SCe, bem superior ao utilizado antes. Mesmo com potência maior o consumo foi reduzido. Sistema de desligar-ligar o motor (pode ser inibido por botão no painel) funciona de modo silencioso e preciso, pois basta um leve toque no pedal de embreagem. Comando do câmbio, agora a cabo, ficou bem melhor.
MEXICANOS estão comprando mais veículos novos (crescimento de 50% em dois anos) depois que o governo regulamentou a importação de modelos seminovos dos EUA e assim reduziu em 90% essa prática. O mercado do México, agora, é duas vezes maior que o da Argentina. Oportunidade para diversificar exportações brasileiras, o que já vem ocorrendo.
FERRAMENTA Consulta Recall verifica se qualquer veículo tem pendência relativa a defeitos de segurança. Desenvolvida pela Tecnobank, inclui todas as revocações dos fabricantes desde 1999. Serviço hospedado em nuvem e a informação individual é paga. Essa informação deveria aparecer no licenciamento anual, mas vem sendo adiada seguidamente.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


Dedos cruzados [Alta Roda]

Sinais ambíguos nesse começo de ano quanto à evolução do mercado brasileiro. Em janeiro passado, comparado ao mesmo mês de 2016, as vendas internas caíram 5,2% (147,2 mil unidades entre automóveis e comerciais leves e pesados). Número desanimador para quem acreditava que o País parou de cavar o fundo do poço. No entanto, a produção, puxada por crescimento expressivo de 56% no número de veículos exportados, subiu 17%.
Exportações não explicam todo o crescimento da produção. O número de veículos em estoque passou de 36 para 38 dias, mas existe um pormenor interessante. Os dois dias a mais em relação a dezembro de 2016 (normalmente um mês bom para comercialização) estão nos pátios dos fabricantes, depois de vários meses de esforço da indústria para diminuir a produção e controlar o estoque.
Se o número de veículos nos pátios das concessionárias ficou estável de dezembro para janeiro, pode significar alguma sinalização de aumento das encomendas para os fabricantes. Fatores sazonais também influenciaram as vendas de janeiro. O consumidor talvez tenha resolvido esperar mais um pouco para verificar se a redução da taxa primária de juros (Selic) alteraria as condições de financiamento ao longo do ano. Juros no financiamento de veículos dependem mais da inadimplência do que da Selic, embora algum benefício sempre venha.
Fato incontestável é a dificuldade de entender o que ocorre agora no mercado automobilístico e as tendências para o resto do ano. Sondagem da Fundação Getúlio Vargas aponta uma subida de 6,2 pontos percentuais no índice de confiança do consumidor em geral. Até a proporção de famílias endividadas, segundo a Confederação Nacional do Comércio, atingiu o número mais baixo desde meados de 2010. Continuam, ainda, as incertezas políticas e se o esforço pelas reformas econômicas para tirar o Brasil da recessão, mesmo em médio prazo, se transformaria em leis no Congresso.
Produção recorde da agricultura brasileira é a única certeza de que dinheiro novo irá irrigar a economia nos próximos meses, ajudando a manter a inflação cadente.
Há outro fato novo e positivo. A partir de março próximo o dinheiro de contas inativas do FGTS – montante mais do que generoso de R$ 40 bilhões – será liberado parceladamente. Servirá para pagamento de dívidas, aumento de poupança e até de consumo. Quanto caberá a cada destinação fica difícil de prever, segundo analistas. Quem cogita de, finalmente, depois de três anos de abstinência forçada, trocar de carro por um zero-quilômetro, talvez queira colocar a mão naquele dinheiro inesperado para aumentar o valor da entrada e gastar menos com juros de financiamento.
Se essa última hipótese prevalecer, o primeiro trimestre do ano continuará fraco. Em compensação os trimestres seguintes tenderiam a ser melhores. Por enquanto, a Anfavea não mudou sua previsão: 2017 teria números 4% melhores no mercado interno do que 2016. A General Motors, atual líder de vendas e primeira a vislumbrar o enorme tombo ocorrido em 2015 e 2016, espera recuperação de até 10% do mercado brasileiro em 2017.
Mantenhamos os dedos cruzados.
RODA VIVA

HONDA revelou o interior do seu crossover WR-V e todas as modificações estruturais em relação ao Fit. Não se trata de um carro todo novo e sim uma opção interessante entre seu modelo de entrada e o HR-V. O preço só será anunciado em meados de março. Desenvolvimento meticuloso feito no Brasil atenderá à procura crescente de veículos com esse porte e visual.
ENCERRADAS as tratativas entre a chinesa Chery e o Grupo Caoa para que a empresa brasileira assumisse a comercialização total ou parcial dos produtos da marca oriental. Conversas até avançaram, sem chegar a bom termo. Caoa, além de produzir veículos Hyundai, importa estes modelos sul-coreanos e os japoneses da Subaru. Situação ruim do mercado foi uma das razões.
ALEMANHA é o primeiro país a regulamentar a circulação de carros autônomos, abrindo espaço para circulação em vias públicas. O motorista continuará responsável por intervir em situações emergenciais, monitorado por dados armazenados no veículo. Não se sabe, porém, se os fabricantes de veículos aceitarão o risco jurídico associado ao mundo real.
POR sua vez, o Ministério dos Transportes dos EUA decidiu que a partir de 1º de setembro de 2019 todos os novos veículos elétricos ou híbridos de até 5 t de peso bruto total (inclui picapes e furgões) terão de emitir sons audíveis para alertar pedestres sobre a sua aproximação. A exigência será para velocidades de até 30 km/h, tanto em marcha à frente quanto à ré.
MAIS um aplicativo para telefones aproxima, sem intermediários, quem quer vender e comprar veículos seminovos e usados. Segundo a Car4Sale “ofertas dos compradores são progressivas, a partir de preço inicial definido pelo algoritmo do aplicativo com base no cruzamento de informações de carros do mesmo modelo vendidos na própria plataforma e em sites”.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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