O Volkswagen Voyage, um maduro e confiável sedã compacto brasileiro, recebeu em julho deste ano a desejada transmissão automática de seis marchas AISIN, a qual equipa, entre outros modelos, Jetta e Golf. No âmbito do lançamento publicamos nossas impressões ao dirigir, assim como dados de consumo e desempenho. Neste artigo relacionamos nossas impressões ao longo de uma semana de uso.
O Voyage Automático é um dos sedãs com transmissão automática mais acessíveis do mercado brasileiro, precificado, em novembro de 2018, em R$ 59.990 reais. Entretanto, apesar do preço competitivo, o sedã de acesso da Volkswagen é dono de um surpreendente e refinado conjunto mecânico, formado por um moderno motor quatro cilindros EA-211 1.6 16V confeccionado em alumínio, associado a uma das melhores caixas de transmissão automática TipTronic de seis marchas do mundo – o ASIN AQ-250, usada no Jetta e Golf.
Logo nos primeiros metros à bordo do Voyage 2019 Automático sente-se as características que fazem dele um sedã de estirpe alemã: direção precisa, solidez estrutural e suspensão com excelente ótimo compromisso entre conforto (maciez) e comportamento dinâmico (firmeza).
O resultado é que este sedã automático de acesso é um modelo extremamente prazeroso de dirigir em qualquer situação (cidade/rodovia), situando-se bem acima de seus concorrentes (Toyota Etios, Ford Ka e Chevrolet Prisma) neste aspecto.
O câmbio automático AISIN é extremamente suave e silencioso – praticamente não se percebem as trocas. Em Drive, observa-se que ele adota um ajuste que procura antecipar as trocas e tornar a condução mais eficiente (com menor consumo) e confortável. Mas quem deseja mais esportividade, há o modo Sport, que faz o Voyage esticar as marchas antes de realizar a troca.
Entre os concorrentes, este câmbio do Voyage é o único que traz o desacoplamento do conversor de torque acima da 3ª marcha (o que explica o excepcional resultado de consumo em rodovia) e também o neutro automático em paradas temporárias (que também auxilia em consumo, e evita a sensação de que o carro está sendo empurrado quando parado – típico de modelos automáticos menos refinados).
A direção tem assistência hidráulica (não é elétrica), mas oferece conforto em manobras urbanas, e segurança em rodovia pela progressividade da assistência (que oscila inversamente proporcional à velocidade).
Some-se a isso a suspensão absolutamente ajustada à realidade das vias brasileiras, que faz este sedã enfrentar buracos, crateras, valetas e todo o tipo de desafios urbanos com extrema competência – é praticamente impossível raspar a parte inferior do carro; e mesmo quando se entra em buracos e crateras, a suspensão absorve com absoluta tranquilidade, como se estivesse circulando em uma Autobahn alemã. Neste aspecto fica evidente o know-how adquirido pela engenharia da VW Brasil ao longo de mais de 10 anos deste carro no mercado.
A posição de dirigir é justa e perfeita. O volante tem excelente pega e o Voyage é surpreendentemente silencioso internamente. O carro que testamos estava com quase 8.000 Km rodados (nas mãos de diversos jornalistas), e não havia sequer vestígios ou indícios de ruídos de peças de acabamento soltas. Zero.
O som do motor é bem reduzido na cabine – evidenciando um bom isolamento acústico – e mesmo o que chega é suave e encorpado, sugerindo um refinamento mecânico que não se espera em um carro desse preço. Ficaria ainda melhor se houvesse um descansa braço central para o motorista, e um piloto automático (que poderia ser opcional).
O Voyage Automático não oferece sistemas ativos de segurança, como controle de estabilidade e tração – aspecto debitado à maturidade do projeto. Nesse campo ele conta com o obrigatório ABS com EBD (distribuição eletrônica de frenagem), mas sedã é muito bom de curva, e mesmo em tocadas mais animadas, os freios demoram muito a apresentar indícios de fading – o que amplia ainda mais a sensação de segurança e também o prazer ao dirigir.
O Voyage Automático é tão agradável de ser conduzido, que ele vai conquistando o motorista cada vez mais ao longo do uso. Se no primeiro contato ele impressiona pela solidez de construção, ao longo de um uso mais prolongado, o que se destaca mesmo é o prazer de dirigir e o refinamento constritivo e mecânico, absolutamente inusual nessa faixa de preço. Nós já andamos em Ford Ka 1.5 Automático, Etios 1.5 Automático e Prisma 1.4 Automático, e nenhum desses concorrentes chega perto deste Voyage 1.6 MSI Automático em matéria de prazer ao conduzir, solidez estrutural e refinamento de passeio.
Em termos de design, o Voyage ainda agrada. Sim, ele está no mercado há cerca de dez anos, período no qual recebeu dois facelits, mas mesmo assim ele ainda se mantém atual – o que é creditado na conta da sobriedade das linhas e na funcionalidade do design.
O interior foi atualizado em 2016 e traz um visual modernizado. Entre os equipamentos desta versão, temos volante revestido em couro com comandos multifuncionais, ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos – com tild down, travas elétricas, sensor de estacionamento traseiro, faróis com projetores, faróis de neblina, alarme, chave de telecomando, rodas de liga-leve entre outros.
No console central destaca-se a central de informação e entretenimento com tela de 8 polegadas, de funcionamento rápido e capacidade de espelhamento de tela via Android Auto e Apple CarPlay – tonando-se, desta forma, muito funcional.
Concorrentes
O Voyage é um veterano no mercado, mas como ele se comporta frente a seus concorrentes Etios, Prisma e Ford Ka? Para responder isso, recorremos aos números do teste comparativo da Revista Quatro Rodas, com os números alocados na tabela abaixo (com grifo azul no melhor resultado, e vermelho no pior).
Teste 4Rodas |
Voyage 1.6 Automático |
Ka Sedan 1.5 Automático |
Etios 1.5 Automático |
Prisma 1.4 Automático |
0 a 100 Km/h [s] |
12,6 |
11,2 |
12,6 |
13,6 |
60 a 100 Km/h [s] |
7 |
6,6 |
7 |
7,7 |
80 a 120 km/h [s] |
8,6 |
8,6 |
10,3 |
10,5 |
Frenagem 120 Km/h a 0 [m] |
58,4 |
59,9 |
62,3 |
69,4 |
Consumo urbano (g) |
12,7 |
11,8 |
11,8 |
12,3 |
Consumo rodoviário (g) |
17,8 |
15,6 |
15 |
15 |
Porta-malas |
480 |
445 |
562 |
500 |
Preço |
R$59.900 |
R$59.900 |
R$59.290 |
R$60.590 |
Como se pode observar, o Voyage 1.6 MSI Automático é competente em desempenho, ficando em segundo lugar no ranking geral, mas no quesito consumo ele é imbatível, sendo 14 % melhor que o Ka 1.5 automático (o segundo melhor) em estrada, e 7% melhor em cidade. Quando comparado do Prisma 1.4 Automático, a superioridade do Voyage é ainda mais pronunciada, já que o VW é 1 segundo mais rápido na aceleração de 0 a 100 Km/h, e mesmo assim quase 19% mais econômico em estrada.
Outro ponto que o Voyage 1.6 MSI se destaca é nas retomadas de velocidade – liderando o ranking junto com o Ka, e em frenagens, onde ele se mostrou bem superior aos demais, com percurso de imobilização bem menores que seus concorrentes.
Conclusão
O VW Voyage 1.6 MSI Automático é um sedã maduro, confiável, com preço muito competitivo, mas que surpreende pelo refinamento do conjunto mecânico, baixo consumo de combustível e prazer ao conduzir. Abaixo de R$ 60 mil reais o mercado brasileiro de carros 0KM não oferece nada melhor que ele.
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